quinta-feira, novembro 29, 2007

Palavras Sem Remos para a 100Remos



You locked your heart
You wake up with tears and
stars in your eyes
You gave it all to someone that
Cannot love you back

Your days are packed
With wishes and hopes for the
love that you've got
You waste it all to someone that
Cannot love you back

Someone that cannot love

Love, ain't this enough?
You push yourself down
You try to take comfort in words
But words
They cannot love
Don't waste them like that
Cus they'll bruise you more

You secretly made
Castles of sand that you
hide in the shade
But you cannot own the
tides that break them
And you build them all over again

You talk all these words
You make conversations
that cannot be heard
How long until you notice that
No one is answering back

Someone that cannot love

Love, aint this enough?
You push yourself down
You try to take comfort in words
But words
They cannot love
Don't waste them like that
Cus they'll bruise you more

Love, love, ain't this enough
This pushing around
To find little comfort in words
But words
They cannot love
Don't waste them like that
Cus they'll bruise you more

You know they'll bruise you more
Words they will hurt you more

quarta-feira, novembro 28, 2007

Logo


Enchanted

http://en.wikipedia.org/wiki/Enchanted_(2007_film)

Porque está aí a época do encantamento...

terça-feira, novembro 27, 2007

já viste como a ferida pode ser uma
boca de sangue, como se a faca lhe
criasse um beijo. já viste como o sorriso
pode ser uma arma de morte, como
se o coração lhe retirasse o amor.
já viste como a árvore pode ser um
estandarte de vento, como se as
cabeças mais vazias se lá pusessem a voar

Valter Hugo Mãe

quinta-feira, novembro 22, 2007

Linda's pumpkin pie

A memória é uma coisa estranha. Mais do que a partir de imagens, a memória constrói-se através de emoções: cheiros, sensações. A memória fala, sussurra-nos mundos ao ouvido. Sobretudo quando o corpo que sente, o ouvido que escuta, os olhos que se fecham para ver, estão longe do coração. Que o coração, às vezes, parte-se e reparte-se por muitos cantos do mundo.
Hoje é Dia de Acção de Graças, Thanksgiving, nos EUA. Há duas semanas que ando a falar nisto. Nunca me lembro do dia. Sei apenas que é uma quinta feira de Novembro e portanto a cada quinta aborreço toda a gente daqui a perguntar pelo Thanksgiving. É hoje. Entro no Facebook e o status da Linda diz-me que ela cozinha a sua deliciosa tarte de abóbora, o ex-libris da quadra festiva. O da Vica convida todos os amigos a mergulharem no perú, no puré e no cranberry sauce. Saudades!!!...
O Thanksgiving é culturalmente, objectivamente e para todo o americano que se preze, a primeira das comemorações mais ou menos familiares que anunciam o Natal. (Cá entre nós, porque entre eles também, bem bem no seio da festa, o Thanksgiving é a "consoada (que começa ao almoço e só termina com a ceia) dos amigos", claro que os pais fazem questão, claro que os filhos acabam por ir, mas na eventualidade de não se poder atravessar o estado, vários estados, o país para uns, um oceano para outros, não há ninguém que passe sozinho este dia! Mesmo aqueles que não têm amigos, que também os há, são sempre energicamente puxados para a casa de alguém. E acabam por surpreender-nos, os sozinhos, muitas vezes... E cozinha-se e fala-se e ri-se e joga-se e não se faz nada e a felicidade senta-se connosco nesse ócio tão americano.
Passei dois Thanksgiving nos E.U.A. e de ambos recordo com carinho, e saudade - admito -, da espontaneidade e da alegria com que se é recebido na típica casa americana. Sempre. Num tempo em que "americano" é tantas vezes sinónimo de "prepotente" (e "odioso" e "tirânico" e tudo o mais...) o que me apetecia mesmo agora era a pumpkin pie da Linda, enquanto olhava, divertida, o Pascal diligente na mui máscula tarefa de lavar a loiça às meninas. O que eu queria mesmo era a conversa de engate do Chris, o contínuo arrotar de saber enciclopédico do Schmitty, o ter que enxotar o Raj, podre de bêbado, do meu colo e apressar-me para a minha maratona de tricot com a Gu-Jing, enquanto a Vica se ri, desbragada, da minha saída estratégica.
Apetece-me hoje, Dia de Acção de Graças nos E.U.A., o mesmo que me apetecia quando estava lá e lembrava-me das castanhas do senhor das castanhas do Marquês, do cheiro das mãos da minha mãe ou do som dos meus beijos na sua pele, dos lanches especiais da Rua de Santa Catarina ou do cheiro a terra molhada depois de chover na Madeira.
O que me apetece e eu quero mesmo, queria muito, era ter o coração de volta, assim, aqui, todo inteiro, meu, muito meu.

quarta-feira, novembro 14, 2007

"Avisem os vossos amigos em Londres, por favor.


(Estou com medo que não apareça ninguém...)" JLP

Nenhum Olhar de José Luís Peixoto, com apresentação pelo próprio, daqui a menos de 15 dias em Londres. A não perder.

terça-feira, novembro 13, 2007

O que é....

"Uma avó é uma mulher que não tem filhos, por isso gosta dos filhos dos outros.
As avós não têm nada para fazer, é só estarem ali.
Quando nos levam a passear, andam devagar e não pisam as flores bonitas, nem as lagartas.

Nunca dizem "Despacha-te!".

Normalmente são gordas, mas mesmo assim conseguem apertar-nos os sapatos.

Sabem sempre que a gente quer mais uma fatia de bolo ou uma fatia maior.

As avós usam óculos e às vezes até conseguem tirar os dentes.

Quando contam histórias, nunca saltam bocados e nunca se importam de contar a mesma história várias vezes.

As avós são as únicas pessoas grandes que têm sempre tempo.

Não são tão fracas como dizem, apesar de morrerem mais vezes que nós.

Toda a gente deve fazer o possível por ter uma avó, sobretudo se não tiver televisão."


*Definição de avó redigida por uma menina de 8 anos e publicada no jornal do Cartaxo.

segunda-feira, novembro 12, 2007

Sobre o lado esquerdo

"(...) o homem que não dorme pensa: «o melhor é
voltar-me para o lado esquerdo e assim, deslocando
todo o peso do sangue sobre a metade mais gasta do
meu corpo, esmagar o coração".

Carlos Oliveira


domingo, novembro 11, 2007

Dia de São Martinho.






Domingo. Hoje. Não há nada como um dia atrás do outro.

Coisas que me põem fora de mim


O meu professor de EC dizia-me hoje que só comprou televisão há pouco tempo e contrafeito. O meu professor de EC é uma pessoa muito especial, daquelas que devia haver em todas as casas, todas as escolas, todas as igrejas, todas as repartições públicas, todos os sítios onde houvesse gente. Porque nunca ofende, nunca interrompe, nunca magoa, ninguém; pelo contrário trata cada pessoa com um cuidado e uma doçura... como se cada um de nós fosse de tal maneira frágil e especial que qualquer palavra ao acaso poder-nos-ia retirar o chão para sempre. (E tiram-nos tantos, para sempre, tantas vezes!) Mas não era nisso que estava a pensar há pouco, estava justamente a pensar se seria muito difícil arrancar a televisão e deitá-la pela janela fora. Passa da meia noite, não ia aleijar ninguém, aliás era um favor que fazia a todos, à humanidade.
Ninguém nas televisões pensa nas pessoas que não têm casas de fim de semana, nem jactos particulares, nem viagens pagas, nem programas a dois, nem nada. Enchem-nos disso, nadas, impingem-nos grandes e pequenos nadas. Deformam, facilmente, confortavelmente, impunemente, um país que se enterra cada vez mais na ignorância e no sofá.
Sensivelmente a meio da OT2 optei por não desperdiçar mais tempo útil de leitura ou audição musical, em virtude de uma injustiça feita despudoradamente de tão às claras em relação a uma concorrente de Braga - que não conheço, nunca vi sequer. Voltei atrás nessa tão acertada decisão, o Francisco - valente! - fez saber, a quem de direito, da sua desolação, ainda por cima em directo para todo o país - isto nos tempos em que depois das galas, havia um directo para os estúdios, directo durante o qual os concorrentes respondiam a algumas sms mandadas pelo público.
Desde o início disse que não veria a OT3, mas tenho sido mais assídua do que intentara. Há uma conterrânea nossa que é amiga, mesmo mesmo amiga, dos meus irmãos. Não vou discorrer acerca do ênfase dado à imagem, vulgo peso, da menina em detrimento do mérito que inegavelmente possui a melhor aluna do Curso Superior de Canto da melhor Escola de Ensino Superior Artístico do país, nem sequer vou debruçar-me sobre o desempenho, a cada semana desolador, da apresentadora. Não tecerei conclusões acerca de uma cantora-professora que diz que "o mais importante para um cantor não é a voz que tem, mas o que faz com ela" - muito me conta, quer dizer que eu sendo especialista tão só em Semântica histórica, posso ser professora de Linguística (i.e. conjunto da Sintaxe, Semântica, Morfologia, Prosódia e Pragmática) Portuguesa?, só porque é a minha especialidade(?) - não terão feito todos aqueles que já saíram o melhor que puderam com o seu instrumento vocal?
Bem, a razão que me leva a querer atirar todas as televisões do mundo às cabecinhas pensadoras que mandam nas televisões, programações de fim de semana especialmente, os écrans mais pesados direitinhos à tola dos que conceberam a OT é pura e simplesmente a do Regulamento.
Aparentemente, um Regulamento que nunca me foi dado a conhecer, nem podia, não está disponível online na página do programa diz(?) que "em caso de empate é o voto do favorito do público que decide quem fica na Escola". Hoje o favorito do público votou numa pessoa que não era nenhuma das duas empatadas. (A situação é de facto estranha confesso, mas não incómoda como fez transparecer a máquina do programa. Quem escreveu esse Regulamento que não contemplou esta eventualidade?) Hoje o favorito do público foi obrigado a mudar o seu voto PARA DESFAZER O EMPATE. A mim caiu-me mal. Muito mal.
Dura lex sed lex.
Era o lema da Comissão de Praxe na minha Faculdade. E nunca senti perante isso o desconforto que senti depois, face a situações que considero injustas. Como a de hoje. Não sei o que é que os legisladores teriam a dizer sobre isto, mas tenho para mim que se agarrariam o mais que pudessem ao aforismo latino para dizer a mesma coisa que nos dão as tvs sábados atrás de sábados, domingo após domingo: nada.

Um dos muitos tristes que teve o azar de ser meu professor de Educação Física passou o décimo segundo ano a (tentar) convencer-me a ingressar na magistratura. Não o fiz. Não lhe dava qualquer tipo de crédito, além do que Educação Física foi a disciplina que mais detestei - desde sempre - na vida. (Ainda hoje sou apologista dum currículo, constante de oficina de escrita, atelier de arte, música e teatro, alternativo a essa disciplina. Por outro lado, sempre me fez confusão o defender-se alguém que grosso modo já se sabe culpado. Acho que sou demasiado básica para os melindres e os bastidores do Direito.
Devia decidir quem fica na Escola, o voto do favorito do público, sem mais. Assim, evitava-se o silêncio interminável que tentou cortar o ar pesado de um estúdio que pura e simplesmente não sabia que dizer ou fazer. Assim evitava-se os terivelmente infelizes "A tua votação não interessa, tens é de escolher um de entre os dois empatados", "E está decididio, o favorito do público decidiu, quem fica na Escola é ..." da apresentadora. E não, o injustiçado desta noite não foi a nossa conterrânea.


Ai, nunca mais acaba o fim-de-semana para ver os Gato Fedorento! Antes ver quatro gatinhos, dois que se prendem ocasionalmente no trânsito, mas que são gatos e sabem ser palhaços, do que uma palhaçada a fingir, disfarçada de gala de cantigas - a fingir!

sexta-feira, novembro 09, 2007

Chuva Oblíqua

VI

O maestro sacode a batuta,
E lânguida e triste a música rompe...

Lembra-me a minha infância, aquele dia
Em que eu brincava ao pé de um muro de quintal
Atirando-lhe com uma bola que tinha dum lado
O deslizar dum cão verde, e do outro lado
Um cavalo azul a correr com um jockey amarelo...

Prossegue a música, e eis na minha infância
De repente entre mim e o maestro, muro branco,
Vai e vem a bola, ora um cão verde,
Ora um cavalo azul com um jockey amarelo...

Todo o teatro é o meu quintal, a minha infância
Está em todos os lugares, e a bola vem a tocar música,
Uma música triste e vaga que passeia no meu quintal
Vestida de cão tornando-se jockey amarelo...
(Tão rápida gira a bola entre mim e os músicos...)

Atiro-a de encontro à minha infância e ela
Atravessa o teatro todo que está aos meus pés
A brincar com um jockey amarelo e um cão verde
E um cavalo azul que aparece por cima do muro
Do meu quintal... E a música atira com bolas
À minha infância... E o muro do quintal é feito de gestos
De batuta e rotações confusas de cães verdes
E cavalos azuis e jockeys amarelos...

Todo o teatro é um muro branco de música
Por onde um cão verde corre atrás de minha saudade
Da minha infância, cavalo azul com um jockey amarelo...

E dum lado para o outro, da direita para a esquerda,
Donde há arvores e entre os ramos ao pé da copa
Com orquestras a tocar música,
Para onde há filas de bolas na loja onde comprei
E o homem da loja sorri entre as memórias da minha infância...

E a música cessa como um muro que desaba,
A bola rola pelo despenhadeiro dos meus sonhos interrompidos,

E do alto dum cavalo azul, o maestro, jockey amarelo tornando-se preto,
Agradece, pousando a batuta em cima da fuga dum muro,
E curva-se, sorrindo, com uma bola branca em cima da cabeça,
Bola branca que lhe desaparece pelas costas abaixo...

Fernando Pessoa

quinta-feira, novembro 08, 2007

E ao quarto dia...


... descanso?
Três dias em Lisboa.
Segunda. Acordo às sete, saio às nove. Meio dia, furo no pneu, uma hora em Fátima, duas em Lisboa. Apresentação de poster às três, almoço perdido, almoço esquecido, táxi, uma indicação que se pede, o taxista, não eu, phones que se tiram e voltam a colocar (!) ao ouvir a palavra "informação", um Complexo Interdisciplinar escondido nas traseiras do Santa Maria, o BI que se tem de apresentar a um segurança que não existe à entrada. Uma entrada que tarda e só se efectiva atrás de outros. E o poster para afixar. Pessoas que almoçam, ninguém na recepção, pessoas que tomam café, ninguém na recepção, pessoas que descem para a recepção e só falam; falam, falam, ninguém na recepção. E o poster para afixar. O bostick que chega finalmente, junto com a fita-cola e com indicações já sabidas. O poster que se afixa a quatro mãos. A conferência plenária num auditório minúsculo, quarenta lugares, ocupação a cinquenta por cento. Fim. Lanche - A Sessão de Posters. Ou Sessão de Posters - Lanche. Linguística por entre rissóis de carne, pastéis de nata, sumo e café. Alguns linguistas, alguma, linguística. Mesa-Redonda de Encerramento. Linguística de café. Vinte minutos à espera de dois Gato(s). O publicitário da Super-Bock pontualíssimo, o escritor pontualíssimo, dois Gato(s) presos no trânsito. Um auditório minúsculo, quarenta lugares, ocupação a mil por centro. Gatices. Publicidade, literatura, humor... de linguagem.
Terça. Um dia na Biblioteca. Do Complexo Interdisciplinar, já conhecido. Ida sem fretes para lisbonenses de phones. Livros, revistas, separatas, cópias, mil e uma, o pescoço que pesa e as costas que doem. Escapadela ao fim do dia, o livro e o dvd da lista de há séculos.
Quarta. As saudades. De três dias que passaram num sopro. Do acolhimento feito mimo. Das conversas. Das refeições. Do cházinho antes de dormir. Da companhia. Da casa feita lar. De uma amiga de sempre, e para sempre. O até já. Ao mundo perfeito do número 60 da Avenida.
Quarta ainda. A atribuição do prémio, não a mim. A menção do meu nome - verdadeiro prémio. O contentamento. A celebração. O jantar. O regresso.
O (des)cans(aç)o.

quinta-feira, novembro 01, 2007

Dia de Pão-Por-Deus


Foto JJ, 01/11/2007

Hoje. No Porto. Exactamente tal como fazia a minha Mãe na Madeira da minha infância.