Amor total ou O realismo preciso do amor sobrenatural
O amor. O amor, pleno, no sentido total do Homem. O amor gerador do humano na sua dimensão total. O amor é gerador da história da pessoa (na medida em que é "geração de um povo"). O amor, pleno, no sentido total do Homem, não o amor sentimentalismo ou reactividade. Eis o tema da peça "Anunciação a Maria de Paul Claudel" em cena no Teatro Helena Sá e Costa.
O drama desenrola-se na Idade Média tomando a forma de um "mistério em quatro actos e um prólogo": A jovem Violaine, símbolo da plenitude, seu pai, Anne Vercors, e Pedro Craon, construtor de catedrais, compõem a figura central. Num plano mais secundário, estão a mãe, Isabel, a irmã, Mara, e Tiago Huri, um vizinho, por quem Mara está apaixonada, mas que foi prometido a Violaine. A rivalidade de Mara e a correspondência perfeita ao amor por parte de Violaine compõem a trama, a que acresce a importância da partida de Anne Vercors em peregrinação à Terra Santa para só voltar no final, oito anos depois.
Por amar, "Ah, como o mundo é belo e como eu sou feliz!", Violaine é tocada pela lepra de Pedro Craon e isso será o seu sacrifício. Não obstante, o ódio de Mara cresce e assim continua até ao fim. Mas, num final surpreendente, a raiz do amor vence a mesquinhez quotidiana.
Sophia de Mello Breyner dedicou-se intensamente à tradução da obra, considerando-a uma verdadeira "poética em teatro". Vira em Claudel um poeta ancorado num realismo preciso que, por isso mesmo, chega a compreender as alturas do sobrenatural. A marca da obra de Claudel é de facto, à luz do cristianismo católico que professou, a maravilhosa descoberta do "Amor sobrenatural" que envolve a história humana e a transcende.
3 comentários:
É só amor por aqui... ;)
K.,
Eheheheheh!!! Por aqui?!... Not necessarily, my dear! :P
Por aqui... pela peça... DEFINITIVAMENTE!!!
Jinhos,
Joana
Sim, sim... uma peça é o que cada um de nós vê e sente dela, por isso... no need to say more! ;) :D
Enviar um comentário