Primeiro, primeiro foi o ter que vir a correr do Reino Unido para cá, porque a minha entidade patronal tirou da gaveta, bem do fundinho - tenho por certo, a papelada que lhe mandara desde Julho e achou de exigir, mal e intransigentemente, uma assinatura minha, o quanto antes - pois claro! E os meus cinco dias de férias, exaustivamente, esperançosamente, carinhosamente planeados, com visitinha a Buckingnham e London brigde, e Big Ben, e Convent Garden, e os museus e a National Gallery e a Madam Tussaud e a visita à amiga Keela em Bath com cafézinho "científico" pelo meio... e... e tudo o mais de que já não me lembro!? Tudo para trás das costas. Primeiro dia de férias, meaning: primeiro dia depois do fim da conferência teve a Jo que madrugar para o aeroporto para arranjar um regresso a Portugal o quanto antes. Primeiro dia de férias adiadas, primeiro dia de suplício. Não havia volta. Ou melhor, só havia meia volta: até Amsterdão, sem problemas, certainly Ms. J., daí para Lisboa é que não, not in a couple of days, well, three days to be exact. Três dias. T-r-ê-s dias. Lembrei-me do simpatiquíssimo senhor do táxi que me tinha levado para o centro quando cheguei: Então e se for para Faro? Cardiff-Faro?
Havia. Havia mesmo! E vim, nessa manhã de sexta e cheguei a Faro à hora de um almoço que não tive tempo de comprar e apanhei o expresso para Braga e lá assinei ao fim do dia o que tinha a assinar e quando por fim regressei a casa, estava cansada demais para fazer o que quer que fosse. Fui dormir.
E no dia seguinte tinha dores de garganta. Tenho sempre dores de garganta quando chego. Do Porto para o Funchal: dores de garganta. (De todas as vezes). De Cardiff para o Porto - agora - dores de garganta. Nada mais dentro da normalidade, dadas as circunstâncias. Pastilhas para a garganta, que isto de ser filha de enfermeiro e irmã de médica até tem vantagens, dor mais ou menos controlada, ler que é para isso que servem as férias. Adormecer ao ler é que já não seria assim tão normal, mas o cansaço das viagem explica e explica bem, já acordar com a maior dor de ouvidos da Humanidade não há cansaço, por muito eloquente que seja, que consiga explicar, se bem que o meu pai - e o meu amigo Alter - têm umas teorias bem interessantes sobre a frequência das viagens, o cansaço e a gripe... Bem, não houve maneira de controlar - nem me atrevo a dizer curar, notem! - a otite, ou melhor o vírus, porque nesse dia foi otite, no seguinte, faringite, dois dias depois laringite, e por fim, já se estava à espera, uma maleita qualquer que eu acho que foi a personificação da morte, vá uma gripe, mas que todos me dizem que foi constipação - como o "todos" é a soma de uma médica e um enfermeiro, acho que tenho que me resignar...
Existem outras teorias acerca do caso, algumas bem engraçadas.
A teoria da mãe: excesso de trabalho. Excesso de trabalho dá stress, o stress baixa as defesas do organismo... et voilá!
A teoria dos amigos: falta de tempo. Não tens tempo para o café, nem para os nossos almoços, não vens connosco à praia, não sais connosco, não nos vês, ficas triste, tristinha ficas sem defesas... et voilá!
A teoria dos irmãos mais novos: (é parecida à do pai, mas não tão generosa), andas sempre por fora, só viajas, que queres, nem tudo pode ser bom!
A teoria da irmã a seguir (é parecida à teoria da mãe, partilham o nome, partilharão ideias também...): Chegaste dos EUA em Janeiro, entretanto, Santiago, Bruxelas, Leuven, Cracóvia, Cardiff, três idas à Madeira pelo meio, a última das quais only God and you know, mais trabalho, mais stress, mais a tua vida pessoal, mais as vidas dos amigos, mais... Férias! Férias é o que tu precisas!
Férias, este ano já não há. Foram-se. Como os cinco dias a mais no UK, como o cafézinho "teste de vida", como a confraternização com os amigos e a visitinha à melhor amiga, como a actuação da minha irmã mais nova ontem na abertura do CCB, como tantas outras coisas que podiam ser, mas não serão jamais...
Este Verão foi para esquecer. Nunca mais chega o Outono!