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Sabe-se que se está apaixonado quando se deixa de ser o que se é. Quando o que se é passa a ser outra coisa, uma coisa que só a gente entende, uma coisa que, se a gente não entender, pouco importa.
O ano passado no Natal, dois ou três dias após a chegada mais desejada do ano todos os anos, a fazer guacamole ou esparregado - já não lembro ao certo - trilhei o dedo médio e o indicador direitos com a varinha mágica. Mexi-lhe, ligada, e foi o fim do guacamole, acho que foi guacamole, e o início de um pânico pequenino - a minha mãe não estava, escapámos, eu e o meu pai, ao pânico geral. O pânico pequenino é outra coisa, uma muito minha e metabólica - a de me saber não estar em controlo da situação. O meu pai, virtude profissional, nunca entra em pânico: fez-me o curativo e prosseguimos sem mais com a rotina normal da hora de almoço.
À tarde a minha mãe queria ver. Mostrei. Um silêncio alarmado de olhos entre ela e o meu pai. Uma coisa que, sei, não tinha nada a ver com a ferida. Devias levar dois pontitos nisso, que o teu pai disse-me - o meu pai já longe, no quintal - mas como és sossegada, ou costumavas ser, enfim, ... a ver se isso passa sem se ir às urgências. Passou. Ia Janeiro já a meio, quando se dissiparam as marcas maiores e recuperei a mobilidade.
Acabo de agrafar o dedo indicador, bem no lugar onde as cicatrizes do Natal passado se escondem. A ponta do dedo a ferver lembra-me que o que a vida traz ao "coração em redor do fogo" não se compadece de imperativos profissionais.
2 comentários:
oh joana... :) deixa lá, eu hoje escorreguei na banheira em busca do telemóvel que caiu à água! acho que esse é que tem de ir às urgências! :p
beijo! *
Vanessa,
Pois que já me aconteceu - não tem salvação... :(
:)))))))))))))
Jinhos.
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