Ossos longos, ossos chatos, ossos curtos, ossos irregulares. O osso é uma estrutura exclusiva dos animais vertebrados - a única que lhe sustenta o corpo e apoia os músculos para o movimento. É osso o que protege cada órgão vital do nosso corpo: o crânio protege o cérebro, as costelas, o coração. SUB-STANTE.
quarta-feira, novembro 30, 2011
Do dia - 8
terça-feira, novembro 29, 2011
Coisas do outro mundo - 3
segunda-feira, novembro 28, 2011
sábado, novembro 26, 2011
O Mundo no Chão
sexta-feira, novembro 25, 2011
quinta-feira, novembro 24, 2011
Da navegação - 5
quarta-feira, novembro 23, 2011
O Amor em Visita
Então sento-me à tua mesa. Porque é de ti
que me vem o fogo.
Não há gesto ou verdade onde não dormissem
tua noite e loucura,
não há vindima ou água
em que não estivesses pousando o silêncio criador.
Digo: olha, é o mar e a ilha dos mitos
originais.
Tu dás-me a tua mesa, descerras na vastidão da terra
a carne transcendente. E em ti
principiam o mar e o mundo.
Minha memória perde em sua espuma
o sinal e a vinha.
Plantas, bichos, águas cresceram como religião
sobre a vida - e eu nisso demorei
meu frágil instante. Porém
teu silêncio de fogo e leite repõe
a força maternal, e tudo circula entre teu sopro
e teu amor. As coisas nascem de ti
como as luas nascem dos campos fecundos,
os instantes começam da tua oferenda
como as guitarras tiram seu início da música nocturna.
Mais inocente que as árvores, mais vasta
que a pedra e a morte,
a carne cresce em seu espírito cego e abstracto,
tinge a aurora pobre,
insiste de violência a imobilidade aquática.
E os astros quebram-se em luz sobre
as casas, a cidade arrebata-se,
os bichos erguem seus olhos dementes,
arde a madeira - para que tudo cante
pelo teu poder fechado.
Com minha face cheia de teu espanto e beleza,
eu sei quanto és o íntimo pudor
e a água inicial de outros sentidos.
Começa o tempo onde a mulher começa,
é sua carne que do minuto obscuro e morto
se devolve à luz.
Na morte referve o vinho, e a promessa tinge as pálpebras
com uma imagem.
Espero o tempo com a face espantada junto ao teu peito
de sal e de silêncio, concebo para minha serenidade
uma ideia de pedra e de brancura.
És tu que me aceitas em teu sorriso, que ouves,
que te alimentas de desejos puros.
E une-se ao vento o espírito, rarefaz-se a auréola,
a sombra canta baixo.
Começa o tempo onde a boca se desfaz na lua,
onde a beleza que transportas como um peso árduo
se quebra em glória junto ao meu flanco
martirizado e vivo.
- Para consagração da noite erguerei um violino,
beijarei tuas mãos fecundas, e à madrugada
darei minha voz confundida com a tua.
Oh teoria de instintos, dom de inocência,
taça para beber junto à perturbada intimidade
em que me acolhes.
Começa o tempo na insuportável ternura
com que te adivinho, o tempo onde
a vária dor envolve o barro e a estrela, onde
o encanto liga a ave ao trevo. E em sua medida
ingénua e cara, o que pressente o coração
engasta seu contorno de lume ao longe.
Bom será o tempo, bom será o espírito,
boa será nossa carne presa e morosa.
- Começa o tempo onde se une a vida
à nossa vida breve.
Estás profundamente na pedra e a pedra em mim, ó urna
salina, imagem fechada em sua força e pungência.
E o que se perde de ti, como espírito de música estiolado
em torno das violas, a morte que não beijo,
a erva incendiada que se derrama na íntima noite
- o que se perde de ti, minha voz o renova
num estilo de prata viva.
Quando o fruto empolga um instante a eternidade
inteira, eu estou no fruto como sol
e desfeita pedra, e tu és o silêncio, a cerrada
matriz de sumo e vivo gosto.
- E as aves morrem para nós, os luminosos cálices
das nuvens florescem, a resina tinge
a estrela, o aroma distancia o barro vermelho da manhã.
E estás em mim como a flor na ideia
e o livro no espaço triste.
Se te apreendessem minhas mãos, forma do vento
na cevada pura, de ti viriam cheias
minhas mãos sem nada. Se uma vida dormisses
em minha espuma,
que frescura indecisa ficaria no meu sorriso?
- No entanto és tu que te moverás na matéria
da minha boca, e serás uma árvore
dormindo e acordando onde existe o meu sangue.
Beijar teus olhos será morrer pela esperança.
Ver no aro de fogo de uma entrega
tua carne de vinho roçada pelo espírito de Deus
será criar-te para luz dos meus pulsos e instante
do meu perpétuo instante.
- Eu devo rasgar minha face para que a tua face
se encha de um minuto sobrenatural,
devo murmurar cada coisa do mundo
até que sejas o incêndio da minha voz.
Herberto Helder
De outras Joanas - 11
terça-feira, novembro 22, 2011
segunda-feira, novembro 21, 2011
De um dever
domingo, novembro 20, 2011
Do infinito
sábado, novembro 19, 2011
sexta-feira, novembro 18, 2011
quinta-feira, novembro 17, 2011
quarta-feira, novembro 16, 2011
Saudades do futuro
terça-feira, novembro 15, 2011
segunda-feira, novembro 14, 2011
domingo, novembro 13, 2011
Dedication
Listen to me.
Try to understand this simple speech as I would be ashamed of another.
I swear, there is in me no wizardry of words.
I speak to you with silence like a cloud or a tree.
What strengthened me, for you was lethal.
You mixed up farewell to an epoch with the beginning of a new one,
Inspiration of hatred with lyrical beauty;
Blind force with accomplished shape.
Here is a valley of shallow Polish rivers. And an immense bridge
Going into white fog. Here is a broken city;
And the wind throws the screams of gulls on your grave
When I am talking with you.
What is poetry which does not save
Nations or people?
A connivance with official lies,
A song of drunkards whose throats will be cut in a moment,
Readings for sophomore girls.
That I wanted good poetry without knowing it,
That I discovered, late, its salutary aim,
In this and only this I find salvation.
They used to pour millet on graves or poppy seeds
To feed the dead who would come disguised as birds.
I put this book here for you, who once lived
So that you should visit us no more.
Warsaw, 1945
sábado, novembro 12, 2011
sexta-feira, novembro 11, 2011
This Living Hand
“This living hand, now warm and capable
Of earnest grasping, would, if it were cold
And in the icy silence of the tomb,
So haunt thy days and chill thy dreaming nights
That thou wouldst wish thine own heart dry of blood
So in my veins red life might stream again,
And thou be conscience-calmed — see here it is —
I hold it towards you.”
quinta-feira, novembro 10, 2011
Play for today
um sedimento, uma impressão
distanciava-se, cambaleante e aflito
inseparável de alguma coisa que não se via
mas talvez exista
nos desertos que se prolongam
nos nomes que nos pertencem demasiado e esquecemos
em certas deflagrações
que por muitos dias
nos afugentam de casa, do trabalho ou do sono
Quando depois voltava
prendia o barco no pequeno ancoradouro
ainda despenhado das varas de um relâmpago
quase sem palavras
apenas um ser vivo sobre a terra
nomes que nos pertencem demasiado.
quarta-feira, novembro 09, 2011
There is simply the rose.
terça-feira, novembro 08, 2011
O que realmente importa
segunda-feira, novembro 07, 2011
Claridade dada pelo tempo - 2
domingo, novembro 06, 2011
Desta manhã bonita em que repouso - 3
Sam Shepard (1943 - ) Imagem daqui
I feel like I've never had a home. You know? I feel related to the country, to this country, and yet I don't know exactly where I fit in. And the same thing applies to the theater. I don't know exactly how well I fit into the scheme of things. Maybe that's good, you know, that I'm not in a niche. But there's always this kind of nostalgia for a place, a place where you can reckon with yourself. Now I've found that what's most valuable about that place is not the place itself but the other people; that through other people you can find a recognition of each other. I think that's where the real home is.
Sam Shepard
Don Shewey's Sam Shepard