Este não é só um postal de Natal... (...) ... é um abraço dentro de um envelope.
É o que se pode ler num dos postais que acabo de selar. Acho que todos os postais, todas as cartas, todos os bilhetinhos e todos os livros são assim. Mesmo o que disso não fazem menção. Especialmente os que disso não fazem menção. Tudo o que escrevemos é assim. Toca o outro. Como num abraço. Ou num estalo. Ninguém devia escrever de ânimo leve. Ninguém escreverá, possivelmente.
Numa época em que é fácil e cómodo e barato, perdão, gratuito, mandar um mail ou uma sms (antes do fim desta semana para de e para TMN), e há tão tocantes, nada se comparará à prenda que um postal de Natal pode ser. Porque, como as coisas mais bonitas, levou tempo. Passou por uma escolha de tamanho, cor, textura, da imagem que mais paz dará ao outro. Passou por um crivo, outro, o da escrita, da busca das expressões, das palavras que se quer oferecer e que faz bem ao outro ler, por conhecimento de causa. Palavras que passaram do coração à cabeça, da cabeça aos dedos, dos dedos à caneta, da caneta ao papel. Sem hesitações, sem borrões, sem rabiscos, palavras mais imaculadas que o papel, puras como o supremo bem que se deseja ao outro. Sempre. Mas que se diz mais no Natal.
Passei os meus dois últimos natais nos EUA. Conheci muita gente e aprendi muita coisa nos EUA. Lembro-me disso todos os dias, é inevitável: foi lá que comecei o meu trabalho, foi lá que discuti as minhas ideias e obtive outras tantas a respeito do mesmo. É a modos que automático...
Mas ainda há pouco, quando abria o postal da minha amiga, lembrei-me de algo muito maior: o abraço americano.
Os americanos desconhecem os dois beijinhos: cumprimentam os conhecidos com a mão e reservam para os amigos os abraços. Agora acho bonito, recomendo até, mas no início, horrivelmente constrangedor: ter os braços de pessoas que não considerava íntimas à volta do meu corpo era muito estranho, muito embora o importante mesmo fosse o significado do gesto. Friends we were!
Os americanos são um povo sui generis. Gosto muito de todos com quem tive a sorte de conviver de perto, mas continuo a achar que, na generalidade, como me disse o Manu um dia, vêem demasiada televisão. Para o bem e para o mal. Para o sonho e para a violência. Para o amor e para a morte. Os americanos são a televisão que vêem e pouco mais.
No entanto, quem tem a sorte de ter um amigo americano, amigo mesmo amigo, americano mesmo americano, é incapaz de ficar indiferente ao seu abraço, de não se deliciar com a flor que nos põe no cabelo porque estamos tristes, com o bilhetinho na secretária porque está sol ou é Natal, com o colinho, com a festa-surpresa, com tudo o que um abraço de Natal, de oceano a oceano, nunca conseguirá igualar; mas, nem que seja pela evocação desses abraços passados, tentará...
É o que se pode ler num dos postais que acabo de selar. Acho que todos os postais, todas as cartas, todos os bilhetinhos e todos os livros são assim. Mesmo o que disso não fazem menção. Especialmente os que disso não fazem menção. Tudo o que escrevemos é assim. Toca o outro. Como num abraço. Ou num estalo. Ninguém devia escrever de ânimo leve. Ninguém escreverá, possivelmente.
Numa época em que é fácil e cómodo e barato, perdão, gratuito, mandar um mail ou uma sms (antes do fim desta semana para de e para TMN), e há tão tocantes, nada se comparará à prenda que um postal de Natal pode ser. Porque, como as coisas mais bonitas, levou tempo. Passou por uma escolha de tamanho, cor, textura, da imagem que mais paz dará ao outro. Passou por um crivo, outro, o da escrita, da busca das expressões, das palavras que se quer oferecer e que faz bem ao outro ler, por conhecimento de causa. Palavras que passaram do coração à cabeça, da cabeça aos dedos, dos dedos à caneta, da caneta ao papel. Sem hesitações, sem borrões, sem rabiscos, palavras mais imaculadas que o papel, puras como o supremo bem que se deseja ao outro. Sempre. Mas que se diz mais no Natal.
Passei os meus dois últimos natais nos EUA. Conheci muita gente e aprendi muita coisa nos EUA. Lembro-me disso todos os dias, é inevitável: foi lá que comecei o meu trabalho, foi lá que discuti as minhas ideias e obtive outras tantas a respeito do mesmo. É a modos que automático...
Mas ainda há pouco, quando abria o postal da minha amiga, lembrei-me de algo muito maior: o abraço americano.
Os americanos desconhecem os dois beijinhos: cumprimentam os conhecidos com a mão e reservam para os amigos os abraços. Agora acho bonito, recomendo até, mas no início, horrivelmente constrangedor: ter os braços de pessoas que não considerava íntimas à volta do meu corpo era muito estranho, muito embora o importante mesmo fosse o significado do gesto. Friends we were!
Os americanos são um povo sui generis. Gosto muito de todos com quem tive a sorte de conviver de perto, mas continuo a achar que, na generalidade, como me disse o Manu um dia, vêem demasiada televisão. Para o bem e para o mal. Para o sonho e para a violência. Para o amor e para a morte. Os americanos são a televisão que vêem e pouco mais.
No entanto, quem tem a sorte de ter um amigo americano, amigo mesmo amigo, americano mesmo americano, é incapaz de ficar indiferente ao seu abraço, de não se deliciar com a flor que nos põe no cabelo porque estamos tristes, com o bilhetinho na secretária porque está sol ou é Natal, com o colinho, com a festa-surpresa, com tudo o que um abraço de Natal, de oceano a oceano, nunca conseguirá igualar; mas, nem que seja pela evocação desses abraços passados, tentará...
2 comentários:
Olá Joaninha
A partir de hoje, prometo que vou passar a ver os americanos com outros olhos.
Abraços, sorrisos e beijnhos
(não prescindo dos beijinhos)
Olá Joaninha
A partir de hoje, prometo que irei ver os americanos com outros olhos.
Abraços, sorrisos e beijinhos
(não prescindo dos beijinhos)
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