e eu que não lhe resisto ao Cicio, e não é porque só sabe escrever o que o meu coração sente, não, esta menina Ana 'desarmante' Salomé é a minha querida Ana Catarina - de pérolas salgadas que se partilham ao rolar da face, coisas de meninas bonitas, e dos risos de quase todos os dias na Biblioteca, cá vai:
Desafio Primeiro:
Da Página 161 de um dos livros na cabeceira:
Douglas Coupland, Geração X
Dia de Natal. Logo de manhã, fui para a sala com as minhas velas - centenas, talvez milhares delas - e também com montes e montes de papel de estanho a rosnar de raiva e sacos de pratos de deitar fora. Coloquei velas em todas as superfícies planas livres, com as folhas de estanho não só a proteger as superfícies das gotas de cera como a servirem para duplicar as chamas por reflexo. Há velas por toda a parte: no piano, nas prateleiras dos livros, na mesinha do café, na pedra da lareira, no parapeito das janelas...
Podia ser outro, mas este é o actual, sou rapariga de um livro de cada vez, e esta passagem, curiosamente, tem tudo a ver comigo. A cor do fogo sublinha o óbvio. Para quem não me conhece.
Desafio Segundo:
Uma pérola retida na mémória
Poesia
como meter o mundo
num poema? traduzir-lhe
a áspera realidade,
a doçura
intranquila ?
como meter o trabalho
dos homens, os seus dias,
nessas escassas linhas,
seus ócios, seus espelhos,
seus desvarios, suas
catástrofes de amor ?
como meter a morte
nas palavras ?
só que uma coisa bela
é para sempre uma alegria inquieta.
Vasco Graça Moura
Esta é uma pérola recente. Deste cantinho que tanto me ajuda a crescer. De paragem semanal obrigatória para recolha de pérolas e outras gemas de doce encanto e despertar.
8 comentários:
pérolas que lembram outras pérolas:
O problema não é
meter o mundo no poema; alimentá-lo
de luz, planetas vegetação. Nem
tão-pouco
enriquecê-lo, ornamentá-lo
com palavras delicadas, abertas
ao amor e à morte, ao sol, ao vício,
aos corpos nus dos amantes -
o problema é torná-lo habitável, indispensável
a quem seja mais pobre, a quem esteja
mais só
do que as palavras
acompanhadas
no poema.
Casimiro de Brito
(não resisti. lembrei-me dele mal li a primeira frase. e depois lá me ponho sempre a fazer estes comentários... ai ai! :p)
beijinho*
Gostei das tuas revelações.
Bjs.
Caraças, só tem 156 páginas o livro do Lobo Antunes, mas faço uma mistura dos dois desafios, um excerto do Lobo Antunes que me está já na memória:
"Amo-te tanto que te não sei amar, amo tanto o teu corpo e o que em ti não é o teu corpo que não compreendo porque nos perdemos se a cada passo te encontro, se sempre ao beijar-te beijei mais do que a carne que é feita, se o nosso casamento definhou de mocidade como outros de velhice, se depois de ti a minha solidão incha do teu cheiro, do entusiasmo dos teus projectos e do redondo das tuas nádegas, se sufoco da ternura de que não consigo falar, aqui neste momento, amor, me despeço e te chamo sabendo que não virás e desejando que venhas do mesmo modo, como diz Molero, um cego espera os olhos que encomendou pelo correio."
em Memória de Elefante.
Beijinho*
...
eu para a próxima venho para aqui fazer uma manif e trago escrito nas plaquinhas: 'proibido comover uma pessoa assim', etc.
(eu não sou nada desarmante. sou um molho de nabiças. eh eh)
beijo, linda. o poema é mesmo uma pérola. mesmo.
Vanessa,
Eu adooooooooro os teus comentários! O tanto que se aprende/lê contigo. :************
Erecteu,
Gostei que tivesses gostado. :P
Panzón,
Pois desse mal também me queixo eu... e quem diria um António Lobo Antunes fininho (O que eu gosto desse livro, tenho essa passagem escrita em bilhetinhos que coloquei em todos os outros livros dele, especialmente quando é mais duro...;) (Dois passinhos à frente, dois passinhos atrás, acompanhamo-nos nas leituras, curioso...)
Ana Salomé,
De-sar-man-te! :P
Jinhos a todos.
P.S. Que é isso de Panzón, Pedro? (Cheira-me a castanholas e isso nem sempre é bom... eheheheheh!)
Olha bem:
Frida + Diego Rivera (El Panzón! e tmb pq a barriga cresce cresce, a uma ritmo alarmante. XD)
Beijinho*
Pedro,
Pois, eu sabia! Cheirou-me a castanholice mexicana, Frida e Diego algures aí... Mau, mau! (Já te disse que não gosto da história deles? Só o que passei no comboio com o povo todo a olhar para mim a chorar feita Maria Madalena, pfffffffff! Too much pain...)
E um exercíciozito, não? :P
Jinhos.
Oh Joana! Tu é que és um calor de alma :)) Deixas-me sempre tão derretida com o que me dizes!
E eu gosto sempre destes teus posts, em que chamas a nossa atanção para as coisas [-leia-se leituras] que realmente importam!
Um beijinho, ou muitos ;))
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