Luminosa_Pic (Só percebi agora, Ana Salomé_Catarina!)
Eu, Clérigos, Agosto de 2007 - o pior verão de sempre (e não por causa do cabelo!)
Há dias em que estou mesmo bonita. Dias raros. Como hoje. Eu, Clérigos, Agosto de 2007 - o pior verão de sempre (e não por causa do cabelo!)
Dias em que me levanto, lavo os dentes, olho o meu sono ao espelho, continuo a lavar os dentes - e a olhá-lo, tomo banho, acabo de tomar banho, visto-me, faço a cama, tomo uma amostra de pequeno-almoço, lavo os dentes, volto a lavar os dentes, penteio-me, vou buscar a mala e saio porta-fora.
Há dias, como hoje, em que estou mesmo bonita e queria que me visses. Queria muito que me visses assim. Realmente bonita. Queria muito que me visses num dia assim como hoje. Há qualquer coisa de dádiva nisto, uma dádiva especial, de qualquer coisa que não se vê, qualquer coisa que vem de dentro, da maior tranquilidade, de uma alegria serena, de luz, talvez.
Acontecem coisas extraordinárias em dias assim. A Ana Catarina, por exemplo, apareceu por cá de manhã e antes de se render à desilusão de não ser eu quem trabalhava no lugar que ela diz que é meu – o que eu gosto de a ouvir dizer “Quando não vens, não é a mesma coisa. Hoje no teu lugar estava...” É bom quando, até aos olhos dos outros, pertencemos a um lugar –, antes de se render à desilusão, dizia, veio espreitar cá à frente. “ Pelo sim, pelo não, sabes? Mas... Não te estava a reconhecer.” É do cabelo. “Não é não, estás tão diferente, tão magra e...” Estou a pesar exactamente o mesmo, é da roupa, reconheceste-me pelo castanho de certeza... “Não é nada, estás mesmo...” Estou. Tens razão, e não é da roupa. É de dentro, sabes? Estes dias... Assentiu.
Tenho andado por fora. Pela sombra, estes dias. Por aquela sombra mais sombra. Estava a precisar, há muito tempo já, de uma sombra onde me recolher até a necessidade da luz ser urgente, absoluta.
Somos feitos de luz e sombras, todos, mas mais alguns, como tudo, como sempre. E eu de tanto precisar sempre de luz, devo ser muito sombra dentro. Preciso de uma janela de luz para trabalhar, por exemplo. E de uma parede que me fique ao lado. Agora que penso nisso chega a ser poético, uma candeia para iluminar um caminho e uma parede ao lado.
Em casa, a janela do escritório é a mesma em que chorei um amor quase perfeito, e a parede não fica ao lado, mas em frente, a bater-me branca no branco dos olhos. Se calhar é por isso que não consigo trabalhar muito naquele meu espaço; se calhar é, se calhar não, mas, no fundo, se calhar é – teimo em justificar de mim para mim.
Na Biblioteca, a janela da sala onde costumo trabalhar dá para um jardim interior, mas o sol que me faz cócegas no braço desde o meio da manhã é total. E a parede, a parede fica à minha direita, como a minha melhor amiga quando vamos almoçar ou tomar café, como a minha mãe quando nos sentamos à varanda ao fim do dia a conversar.
Há dias assim. Como hoje. Dias raros em que uma luz perfeita incandesce a beleza mais simples.
22 comentários:
Essa luz fez-te cócegas no braço, entrou pelo teu olhar, e acompanhou-te até sair pela ponta dos teus dedos e plasmar-se neste texto tao bonito que postaste. Porque é, também, a palavra que o define. Luminoso.
"Uma luz simples que incandesce a beleza mais perfeita": é uma pequena mudança no teu texto, rsrsrsrs :))
Jinhos!
Somos feitos de luz e sombras, todos, mas mais alguns, como tudo, como sempre. E eu de tanto precisar sempre de luz, devo ser muito sombra dentro.
há dias em que sinto a sombra dentro. mesmo. mesmo.
(parece que estou mesmo a imaginar essa conversa. :) tão bonitas, vocês.)
beijinho*
Luminosa, sim.
Dos olhos nem falo. Uma luz escura, de um universo num dia de grande trânsito de estrelas. Era bastante visível. Candeias numa candeia. Tudo em sintonia. Há dias que podem durar uma vida. E, com uma luz assim, é impossível que não se veja ao longe, a quem de ver. Está visto.*
Beijinhos.
K.,
É muito bom a definir, o menino, não é?
Marisa,
Só tu! :P E a tua apetência para o treocadilho linguístico. E a tua imensa amizade (a turvar-te os olhos eheheheheheh!!!).
Vanessa,
Tão bonitas, nóóóós!!! :D
Ana Salomé_minha querida Ana Catarina,
Só tu também! :D Uma luz escura! (Fico sem palavras...)
E eu que achava que só os olhos azuis têm luz.
Jinhos a todos.
Não há nada de mais simples do que um sorriso. E se for um sorriso, daqueles a sério, daqueles em que o corpo comunga com a alma, então sim é um sorriso feito de luz.
Luz nossa que aquece, luz nossa que apetece ao outro.
Sorri sempre.
jinhos
Há dias assim realmente, lutemos para que não sejam raros. Porque a raridade, nestes casos, não valoriza.
Obroigada pela correcção do meu post... há dias assim que acordo... tosca e muito baralhada com as homófonas.
;-)
Maria da Lua,
E o que eu gosto de sorrisos! ;)
Ouriça,
As homófonas, essas mafarricas! ;)
(Ainda bem que voltaste às coisas blogosféricas. Já te sentia muito a falta, sabes? :)))))))))))))
Jinhos a ambas.
Há dias em que não importa o nosso aspecto físico, sentimo-nos lindos. sabemos que nada nesse dia nos apaga a beleza que em nós cresceu.
Percebo-te, e muito. :)
Beijinho*
P.Duarte.S.,
Eu sei que percebes. :))))) A amizade tem destas coisas... diz que sintonias! :P
Jinhos, Pedro.
P.S. A beleza cresce bonita, linda, em nós quando/especialmente quando a beleza se chama Rita, não é? ;)
Eu cá acho quue és bonita todos os dias :))
Obrigada pelas palavras bonitas que deixaste no meu blog JJ ;)
Um beijinho*
Frida,
Não, não, eu é que acho isso de ti. Eu achei primeiro! :P :)))))))))))))))
Pessoas bonitas merecem palavras bonitas.
Jinhos, Rita.
AMIGA JJ
Que mais se poderá dizer???? Estou de novo atrasado nos meus comentários... tudo já foi dito anteriormente pelos seus amigos. E quem tem amigos assim, tem tudo!
Só um reparo: a beleza interior, (mais difícil de descobrir)também conta...
Bom fim de semana,
Carlos
Nem só os azuis. Há azuis de várias cores - de luzes escuras, sim-, como esses aí em cima. Acho que nunca vi uma foto em que estivesses tão próxima da beleza daquele dia. Beleza, aliás, que está sempre em ti, menina.
Beijinhos*
Loo Rock,
Atrasado? Vem sempre em boa hora! :P
Pois, a beleza interior... há outra? ;)
Jinhos, Carlos.
Até a exterior é interior :)*
Ana Salomé,
Em miúda queria ser loira de olhos azuis, porque as loiras de olhos azuis tinham/têm cabelos lisos.
Em adolescente queria ser loira de olhos azuis, porque as loiras de olhos azuis ganhavam-me aos pontos em muita coisa quase tão invejável como os cabelos lisos.
Depois, olha, fiquei graúda e vou fechando os olhos às loiras de olhos azuis.
Estou ruiva por causa das cãs ao abrigo da velha máxima: faça-se o melhor que se pode com o que se tem. ;)
Jinhos.
P.S. Mas, sabes, tens razão em relação à fotografia. Saudades do futuro naquele meu sorriso. De sempre. :)))))))))))))))))))))))
O ideal é juntar o útil ao agradável. A rosa de inegualável beleza esconde os seus espinhos. Dizia Vinicius que ..."perdoem-me as feias mas beleza é fundamental! Talvez "A Sua Garota de Ipanema" fosse uma miragem idílica.
Amiga JJ,
Estou a escrever um conto dedicado a Teresinha, com ilustrações em aguarelas, para colocar no meu outro blogue Aguadepena, depois de concluído.
Loo Rock,
Beleza é fundamental. De facto. :)))
Jinhos.
Loo Rock,
Um conto? Isso interessa-me. Manter-me-ei atenta! :))))))))))))
Jinhos, Carlos.
Amiga Joana,
Adicionei à sua ideia, o meu texto!
Há dias assim, em que nos "copiamos".
Carlos
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