Ossos longos, ossos chatos, ossos curtos, ossos irregulares. O osso é uma estrutura exclusiva dos animais vertebrados - a única que lhe sustenta o corpo e apoia os músculos para o movimento. É osso o que protege cada órgão vital do nosso corpo: o crânio protege o cérebro, as costelas, o coração. SUB-STANTE.
quarta-feira, dezembro 30, 2009
Para 2010
quarta-feira, dezembro 16, 2009
Que seja simples e maravilhoso e permaneça.
terça-feira, dezembro 15, 2009
domingo, dezembro 13, 2009
De um Natal de natais
sexta-feira, dezembro 11, 2009
uma sombra que se ilumina
Nuno Júdice
segunda-feira, dezembro 07, 2009
quinta-feira, dezembro 03, 2009
J'ai plus de souvenirs que si j'avais mille ans*
São Pedro de Moel
Dá-me saudades. Como quem dá um livro, música, um abraço, ou um elogio... - coisas que repousam sobre o mundo à espera daquele momento único de partilha para se nos aninharem no regaço e se cumprirem. Dá-me saudades. E eu sei que são daquelas que se dão, que me dá, que lhe dou talvez, daquelas que nos vamos dando nas distâncias que tentamos apagar cada dia, nas que não tentamos apagar e conservamos muito dentro, muito nossas, no caminho do caminho que vai de um ao outro, o coração uma borboleta a bater asas no espaço de uma mão aberta a duas mãos fechadas, o nosso mundo todo lá dentro, sei, porque quando lhe disse, me disse, anda! E eu.
Perdi a boleia, perdi o comboio, perdi o tempo, o espaço, a chuva a cair muito sem nunca me molhar, o guarda-chuva a sucumbir ao vento, Braga tão bonita! Um milhão de passos em volta, à volta do imperativo de andar, todas as poças de água a fecharem-se para eu passar, as pessoas longe. Um sorriso novo a tomar tudo, a tomar conta de mim, eu a revê-lo chegar - coisa memorável, a chegada de um sorriso - desde que saí da Biblioteca: eu a entregar-lhe automaticamente os meus dias, a rotina que me impus, o balão de planos por onde vou respirando, ele a ficar com as minhas coisas, ele permanecendo ali, naquele ali que sou eu e é em mim: eu aquele sorriso, a vista turva para o resto - todos os condutores cavalheiros, e atentos - sobretudo atentos -, nas passadeiras do meu caminho até à estação.
Dá-me saudades. Como quem dança. Como se dançassemos, e eu não danço - eu sempre quieta muito quieta, eu com medo de tudo o que, como eu, não dança, de tudo o que troca a dança pela espera - eu com medo do tempo - eu encostada à música, de olhos fechados, com força. A música a ser sorriso, a tomar-me toda, a dançar comigo, eu a dançar, incrivelmente: eu a dançar!, um bocadinho, à revelia do tempo, devagarinho, em segredo. Entre uma coisa e outra na preparação do jantar mais atrasado da semana.
Há uma coragem muito grande no imperativo de certos verbos: um fogo a arder no peito das pessoas bonitas mesmo bonitas a darem-se, uma vertigem de inefável, do mais profundo e misterioso da alma, a viver, independente, num presente para além do presente de ir e voltar.
Dá-me saudades. Como quem conta uma história, eu a ouvir cada palavra, a compor cada imagem, eu toda encostada ao dentro mais dentro do seu lado esquerdo, eu olhos fechados a fixá-las, palavras e imagens, uma por uma, na memória, as palavras.imagens a tomarem conta de mim, uma após outra, após outra, após outra. Até não haver mais palavras nem imagens, e a memória persistir nas vagas de um mar imenso de ternura.
* Charles Baudelaire, Les Fleurs du Mal