quinta-feira, março 18, 2010

De toda a segurança

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Ontem uma amiga confidenciava-me da dificuldade de motivar os alunos para a Escola em geral. Não para os trabalhos de casa, não para a frequência às aulas, nem sequer para a sua disciplina, mas para o conjunto de predisposições, actividades e, em todas - em tudo, esforço, para o esforço, que a Escola, como qualquer outra coisa que se centre em nós, implica.

Dizia-lhe que a conhecendo como conheço, não tardará muito, encontrará não uma solução, mas a solução para esse pequeno obstáculo à optimização do seu trabalho, do seu desempenho. Dizia-lhe que deveria fazer ver aos alunos que a Escola é a única segurança que depende só deles.

Nestes dias que tenho ficado por casa, a janela do escritório tem sido um tormento. A Primavera tem chegado de mansinho, mas entra-me pela janela, como toda a beleza maior, sem cortesias. Os passarinhos pela manhã, as cameleiras daqui da frente - da casa das hortenses - rebentando num vermelho mais bonito a cada vez que as espreito, o sol do meio-dia, dois estendais de roupa branca que balouçam um contra o outro, as quatro estacas que os sustêm oscilando muito, muito, numa casa pequenina bem lá atrás.

Desde a semana passada que ando a olhar para lá. No Domingo pela tarde, dei com um casal jovem naquele quinto de quintal, um quintal tão pequeno!..., a falar com a senhora que vejo de vez em quando junto aos estendais. Estavam de visita. O rapaz não dizia nada, mas a rapariga falava como falamos às vezes com os nossos: de braços cruzando a pachorra, palavras poucas e de frete, a enganar o tempo, e a senhora e a ela própria, ocasionalmente arrancando os secos dos vasos.

Sempre que verifico o rubro das cameleiras aqui da frente e não resisto a espreitar aquele espaço tão pequenino - o telhado de zinco remendado, as três persianas corridas, as plantas quase secas nos vasos, o alguidar de plástico azul em cima da cadeira, - das poucas vezes que vejo a senhora a estender roupa pela semana, ela parece-me mais feliz do que ao Domingo. Como se a presença de outros no seu mundo, pequeno e imperfeito - é verdade - mas seu, a apoucasse, a tornasse menos ela própria.

Os dois estendais continuam a convergir ao sabor do vento e eu penso na inexactidão daquilo que disse à minha amiga - bem vistas as coisas, toda a segurança depende de nós, o saber viver que é responsabilizarmo-nos por ela é que tem um prazo de validade.

4 comentários:

Vanessa disse...

não diria melhor... :)

*

Joana disse...

Vanessa,

Eheheheh!!! Culpa da nossa amiga comum iluminante. ;)



Jinhos do tipo besito para ti, ahah!

Maria Rita disse...

Bendita Primavera que te (-nos) proporciona estas coisas. ;)

Beijinhos*

Joana disse...

Frida,

Oh!

(Coisas do pensar na vida...)

:)



Jinhos.