Ossos longos, ossos chatos, ossos curtos, ossos irregulares. O osso é uma estrutura exclusiva dos animais vertebrados - a única que lhe sustenta o corpo e apoia os músculos para o movimento. É osso o que protege cada órgão vital do nosso corpo: o crânio protege o cérebro, as costelas, o coração. SUB-STANTE.
sexta-feira, dezembro 16, 2011
quarta-feira, dezembro 14, 2011
segunda-feira, dezembro 12, 2011
sábado, dezembro 10, 2011
HOJE
sexta-feira, dezembro 09, 2011
quinta-feira, dezembro 08, 2011
quarta-feira, dezembro 07, 2011
Da necessidade de sublinhar um sublinhado - 4
"A Grécia foi mudando, foi crescendo com a minha fome de aprendizagem. Sou sempre uma aluna das coisas gregas. A minha Grécia de hoje não tem nada a ver com a Grécia da minha adolescência ou a da Sophia" (...) "A Grécia está em todo o lado na minha escrita, porque estar na minha escrita é estar em mim."
terça-feira, dezembro 06, 2011
Da navegação - 6
segunda-feira, dezembro 05, 2011
domingo, dezembro 04, 2011
sábado, dezembro 03, 2011
sexta-feira, dezembro 02, 2011
quinta-feira, dezembro 01, 2011
quarta-feira, novembro 30, 2011
Do dia - 8
terça-feira, novembro 29, 2011
Coisas do outro mundo - 3
segunda-feira, novembro 28, 2011
sábado, novembro 26, 2011
O Mundo no Chão
sexta-feira, novembro 25, 2011
quinta-feira, novembro 24, 2011
Da navegação - 5
quarta-feira, novembro 23, 2011
O Amor em Visita
Então sento-me à tua mesa. Porque é de ti
que me vem o fogo.
Não há gesto ou verdade onde não dormissem
tua noite e loucura,
não há vindima ou água
em que não estivesses pousando o silêncio criador.
Digo: olha, é o mar e a ilha dos mitos
originais.
Tu dás-me a tua mesa, descerras na vastidão da terra
a carne transcendente. E em ti
principiam o mar e o mundo.
Minha memória perde em sua espuma
o sinal e a vinha.
Plantas, bichos, águas cresceram como religião
sobre a vida - e eu nisso demorei
meu frágil instante. Porém
teu silêncio de fogo e leite repõe
a força maternal, e tudo circula entre teu sopro
e teu amor. As coisas nascem de ti
como as luas nascem dos campos fecundos,
os instantes começam da tua oferenda
como as guitarras tiram seu início da música nocturna.
Mais inocente que as árvores, mais vasta
que a pedra e a morte,
a carne cresce em seu espírito cego e abstracto,
tinge a aurora pobre,
insiste de violência a imobilidade aquática.
E os astros quebram-se em luz sobre
as casas, a cidade arrebata-se,
os bichos erguem seus olhos dementes,
arde a madeira - para que tudo cante
pelo teu poder fechado.
Com minha face cheia de teu espanto e beleza,
eu sei quanto és o íntimo pudor
e a água inicial de outros sentidos.
Começa o tempo onde a mulher começa,
é sua carne que do minuto obscuro e morto
se devolve à luz.
Na morte referve o vinho, e a promessa tinge as pálpebras
com uma imagem.
Espero o tempo com a face espantada junto ao teu peito
de sal e de silêncio, concebo para minha serenidade
uma ideia de pedra e de brancura.
És tu que me aceitas em teu sorriso, que ouves,
que te alimentas de desejos puros.
E une-se ao vento o espírito, rarefaz-se a auréola,
a sombra canta baixo.
Começa o tempo onde a boca se desfaz na lua,
onde a beleza que transportas como um peso árduo
se quebra em glória junto ao meu flanco
martirizado e vivo.
- Para consagração da noite erguerei um violino,
beijarei tuas mãos fecundas, e à madrugada
darei minha voz confundida com a tua.
Oh teoria de instintos, dom de inocência,
taça para beber junto à perturbada intimidade
em que me acolhes.
Começa o tempo na insuportável ternura
com que te adivinho, o tempo onde
a vária dor envolve o barro e a estrela, onde
o encanto liga a ave ao trevo. E em sua medida
ingénua e cara, o que pressente o coração
engasta seu contorno de lume ao longe.
Bom será o tempo, bom será o espírito,
boa será nossa carne presa e morosa.
- Começa o tempo onde se une a vida
à nossa vida breve.
Estás profundamente na pedra e a pedra em mim, ó urna
salina, imagem fechada em sua força e pungência.
E o que se perde de ti, como espírito de música estiolado
em torno das violas, a morte que não beijo,
a erva incendiada que se derrama na íntima noite
- o que se perde de ti, minha voz o renova
num estilo de prata viva.
Quando o fruto empolga um instante a eternidade
inteira, eu estou no fruto como sol
e desfeita pedra, e tu és o silêncio, a cerrada
matriz de sumo e vivo gosto.
- E as aves morrem para nós, os luminosos cálices
das nuvens florescem, a resina tinge
a estrela, o aroma distancia o barro vermelho da manhã.
E estás em mim como a flor na ideia
e o livro no espaço triste.
Se te apreendessem minhas mãos, forma do vento
na cevada pura, de ti viriam cheias
minhas mãos sem nada. Se uma vida dormisses
em minha espuma,
que frescura indecisa ficaria no meu sorriso?
- No entanto és tu que te moverás na matéria
da minha boca, e serás uma árvore
dormindo e acordando onde existe o meu sangue.
Beijar teus olhos será morrer pela esperança.
Ver no aro de fogo de uma entrega
tua carne de vinho roçada pelo espírito de Deus
será criar-te para luz dos meus pulsos e instante
do meu perpétuo instante.
- Eu devo rasgar minha face para que a tua face
se encha de um minuto sobrenatural,
devo murmurar cada coisa do mundo
até que sejas o incêndio da minha voz.
Herberto Helder
De outras Joanas - 11
terça-feira, novembro 22, 2011
segunda-feira, novembro 21, 2011
De um dever
domingo, novembro 20, 2011
Do infinito
sábado, novembro 19, 2011
sexta-feira, novembro 18, 2011
quinta-feira, novembro 17, 2011
quarta-feira, novembro 16, 2011
Saudades do futuro
terça-feira, novembro 15, 2011
segunda-feira, novembro 14, 2011
domingo, novembro 13, 2011
Dedication
Listen to me.
Try to understand this simple speech as I would be ashamed of another.
I swear, there is in me no wizardry of words.
I speak to you with silence like a cloud or a tree.
What strengthened me, for you was lethal.
You mixed up farewell to an epoch with the beginning of a new one,
Inspiration of hatred with lyrical beauty;
Blind force with accomplished shape.
Here is a valley of shallow Polish rivers. And an immense bridge
Going into white fog. Here is a broken city;
And the wind throws the screams of gulls on your grave
When I am talking with you.
What is poetry which does not save
Nations or people?
A connivance with official lies,
A song of drunkards whose throats will be cut in a moment,
Readings for sophomore girls.
That I wanted good poetry without knowing it,
That I discovered, late, its salutary aim,
In this and only this I find salvation.
They used to pour millet on graves or poppy seeds
To feed the dead who would come disguised as birds.
I put this book here for you, who once lived
So that you should visit us no more.
Warsaw, 1945
sábado, novembro 12, 2011
sexta-feira, novembro 11, 2011
This Living Hand
“This living hand, now warm and capable
Of earnest grasping, would, if it were cold
And in the icy silence of the tomb,
So haunt thy days and chill thy dreaming nights
That thou wouldst wish thine own heart dry of blood
So in my veins red life might stream again,
And thou be conscience-calmed — see here it is —
I hold it towards you.”
quinta-feira, novembro 10, 2011
Play for today
um sedimento, uma impressão
distanciava-se, cambaleante e aflito
inseparável de alguma coisa que não se via
mas talvez exista
nos desertos que se prolongam
nos nomes que nos pertencem demasiado e esquecemos
em certas deflagrações
que por muitos dias
nos afugentam de casa, do trabalho ou do sono
Quando depois voltava
prendia o barco no pequeno ancoradouro
ainda despenhado das varas de um relâmpago
quase sem palavras
apenas um ser vivo sobre a terra
nomes que nos pertencem demasiado.
quarta-feira, novembro 09, 2011
There is simply the rose.
terça-feira, novembro 08, 2011
O que realmente importa
segunda-feira, novembro 07, 2011
Claridade dada pelo tempo - 2
domingo, novembro 06, 2011
Desta manhã bonita em que repouso - 3
Sam Shepard (1943 - ) Imagem daqui
I feel like I've never had a home. You know? I feel related to the country, to this country, and yet I don't know exactly where I fit in. And the same thing applies to the theater. I don't know exactly how well I fit into the scheme of things. Maybe that's good, you know, that I'm not in a niche. But there's always this kind of nostalgia for a place, a place where you can reckon with yourself. Now I've found that what's most valuable about that place is not the place itself but the other people; that through other people you can find a recognition of each other. I think that's where the real home is.
Sam Shepard
Don Shewey's Sam Shepard
sexta-feira, novembro 04, 2011
Este país não é para jovens
quinta-feira, novembro 03, 2011
Transcrito e traduzido pela menina
quarta-feira, novembro 02, 2011
terça-feira, novembro 01, 2011
segunda-feira, outubro 31, 2011
Ainda do dia.
domingo, outubro 30, 2011
Grandes revelações
segunda-feira, outubro 24, 2011
sexta-feira, outubro 21, 2011
Do que fica - 2
A vós, aspirações vagas, entusiasmos;
cismas depois do almoço; impulsos do coração;
enternecimento que vem com a satisfação
das necessidades naturais; clarões de génio; apaziguamento
da digestão bem feita; alegrias sem causa;
distúrbios da circulação do sangue; recordações do amor;
perfume de benjoim do banho matinal; sonhos de amor;
minha enorme molecagem castelhana; minha imensa
tristeza puritana, meus gostos especiais:
chocolate, bonbons, doces de derreter, bebidas geladas;
charutos entorpecedores e vós, acalentadores cigarros;
alergrias da velocidade; doçura de ficar sentado; delícia
do sono na completa escuridão;
grande poesia das coisas; noticiário de polícia; viagens;
tziganos, passeios de trenó; chuva no mar;
loucura da noite febril, sozinho com alguns livros;
oscilações do temperamento e do tempo;
instantes de outra vida, reaparecidos; recordações, profecias;
ó esplendor da vida comum e do ramerrão quotidiano,
a vós esta alma perdida.
Valéry Larbaud
(trad. Carlos Drummond de Andrade)
quinta-feira, outubro 20, 2011
Ma Bohème
Mon paletot aussi devenait idéal;
J'allais sous le ciel, Muse ! et j'étais ton féal;
Oh! là là! que d'amours splendides j'ai rêvées!
Mon unique culotte avait un large trou.
- Petit-Poucet rêveur, j'égrenais dans ma course
Des rimes. Mon auberge était à la Grande Ourse.
- Mes étoiles au ciel avaient un doux frou-frou
Et je les écoutais, assis au bord des routes,
Ces bons soirs de septembre où je sentais des gouttes
De rosée à mon front, comme un vin de vigueur ;
Où, rimant au milieu des ombres fantastiques,
Comme des lyres, je tirais les élastiques
De mes souliers blessés, un pied près de mon coeur!
quarta-feira, outubro 19, 2011
Coisas desta manhã, ao passar a blusa.
terça-feira, outubro 18, 2011
Veritatis splendor: TORSO ARCAICO DE APOLO
Imagem daqui
Não sabemos como era a cabeça, que falta,
de pupilas amadurecidas. Porém
o torso arde ainda como um candelabro e tem,
e brilha. Se não fosse assim, a curva rara
do peito não deslumbraria, nem achar
caminho poderia um sorriso e baixar
da anca suave ao centro onde o sexo se alteara.
Não fosse assim, seria essa estátua uma mera
pedra, um desfigurado mármore, e nem já
resplandecera mais como pele de fera.
Seus limites não transporia desmedida
como uma estrela; pois ali ponto não há
que não te mire. Força é mudares de vida.
Rainer Maria Rilke
(Trad. de Manuel Bandeira)
Desapontado desabafo - 4
It's hard to get by just upon a smile."
segunda-feira, outubro 17, 2011
Poema dum Funcionário Cansado
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido e a rua é estreita
estreita em cada passo
as casas engolem-nos
sumimo-nos
estou num quarto só num quarto só
com os sonhos trocados
com toda a vida às avessas a arder num quarto só
Sou um funcionário apagado
um funcionário triste
a minha alma não acompanha a minha mão
Débito e Crédito Débito e Crédito
a minha alma não dança com os números
tento escondê-la envergonhado
o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente
e debitou-me na minha conta de empregado
Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
Por que não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?
Por que me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço
Soletro velhas palavras generosas
Flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada
mãe estrela música
São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soterradas na prisão da minha vida
isto todas as noites do mundo numa só noite comprida
num quarto só
sábado, outubro 15, 2011
sexta-feira, outubro 14, 2011
Vampiros
Batendo as asas Pela noite calada
Vêm em bandos Com pés veludo
Chupar o sangue Fresco da manada
Se alguém se engana com seu ar sisudo
E lhes franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada [Bis]
A toda a parte Chegam os vampiros
Poisam nos prédios Poisam nas calçadas
Trazem no ventre Despojos antigos
Mas nada os prende Às vidas acabadas
São os mordomos Do universo todo
Senhores à força Mandadores sem lei
Enchem as tulhas Bebem vinho novo
Dançam a ronda No pinhal do rei
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada
No chão do medo Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos Na noite abafada
Jazem nos fossos Vítimas dum credo
E não se esgota O sangue da manada
Se alguém se engana Com seu ar sisudo
E lhe franqueia As portas à chegada
Eles comem tudo Eles comem tudo
Eles comem tudo E não deixam nada