terça-feira, maio 27, 2008

Da doçura de um chá... quente


Há dias no hipermercado, à minha frente, na fila para a caixa, um adolescente muito espalhafatoso gesticulava com a amiga que não se esquecesse de ir buscar a coca-cola, que com o palmier e - já não me lembro do outro bolo - é que ia bem, que ele precisava de muita doçura. "Estou mesmo a precisar de muita doçura, hoje!" - disse exactamente assim. E aquilo entranhou-se-me mais do que se me estranhou. Achei uma coisa linda de se ouvir, de se dizer, e de se ouvir dizer, especialmente no sentido menos literal absolutamente diverso (seria, mesmo?) do que bradava o rapaz. (Sensibilidades linguísticas...)
Estou a precisar de muita doçura, hoje. Bonito. Muito bonito.
Todos precisamos de doçura todos os dias, nuns dias mais do que noutros, naturalmente. Mas até então, tal nunca me tinha ocorrido. Porque sou mais necessitada de quentura, do que de doçura, suponho. Ou melhor: a minha doçura é preferencialmente quente. "Preciso de beber alguma coisa quente, rápido." E o quente apesar de não ser tão bonito, melodioso e suave e profundo como a doçura, conforta-me exactamente da mesma maneira. Envolve-me de uma languidez e de uma serenidade tão grandes quanto necessárias. É a minha doçura! Agora mesmo estava a pensar no quanto preciso de um chá, bem quentinho, porque... "Estou mesmo a precisar de muita quentura, hoje!"

1 comentário:

Ouriço-Cacheiro disse...

uma doçura quente é o que é... Percebo-te!