terça-feira, setembro 26, 2006

Romance ingénuo de duas linhas paralelas

Duas linhas paralelas
Muito paralelamente
Iam passando entre estrelas
Fazendo o que estava escrito:
Caminhando eternamente
de infinito a infinito

Seguiam-se passo a passo
Exactas e sempre a par
Pois só num ponto do espaço
Que ninguém sabe onde é
Se podiam encontrar
Falar e tomar café.

Mas farta de andar sozinha
Uma delas certo dia
Voltou-se para a outra linha
Sorriu-lhe e disse-lhe assim:
"Deixa lá a geometria
E anda aqui para o pé de mim...!"

Diz a outra: "Nem pensar!
Mas que falta de respeito!
Se quisermos lá chegar
Temos de ir devagarinho
Andando sempre a direito
Cada qual no seu caminho!"

Não se dando por achada
Fica na sua a primeira
E sorrindo amalandrada
Pela calada, sem um grito
Deita a mãozinha matreira
Puxa para si o infinito.

E com ele ali à frente
As duas a murmurar
Olharam-se docemente
E sem fazerem perguntas
Puseram-se a namorar
Seguiram as duas juntas.

Assim nestas poucas linhas
Fica uma estória banal
Com linhas e entrelinhas
E uma moral convergente:
O infinito afinal
Fica aqui ao pé da gente.

José Fanha

4 comentários:

Anónimo disse...

lololol...historia lesbica?coitado do infinito...ko trauma!lololol!:P JOKING!bjinhs.Nininha

Anónimo disse...

eis o k a lingua portuguesa pode fazer...é manhosa, mas por vezes acaba por fazer isto..e nos encher com um sorriso do tamanho do Mundo!:D :)))) Bjinhs.Nininha

intruso disse...

lindíssimo
:)

Joana disse...

Ufa! Alguém no mesmo comprimento de onda... Obrigada, Intruso! Estava a ficar assustada... Volta sempre! Jinhos.