quinta-feira, setembro 07, 2006

Sentimentos do fundo da mala (II)

Da Escolha
“Não gosto de escolher, perde-se sempre alguma coisa com a escolha.” – ouvi há dias. Nunca tinha pensado assim. Mas agora, vendo a coisa por esse prisma, choca-me a profundidade do desabafo.
Fazemos tantas escolhas todos os dias, umas grandes outras mais pequenas, todas significativas… e perdemos sempre algo, muito, pouco, não sei, nunca pensei, mas privamo-nos voluntariamente, consciente ou inconscientemente, em nome de um mal, que cremos, menor. Não há volta a dar-lhe, o facto é mesmo esse: perdemos.
Dizem-me desde sempre que sou incrivelmente inflexível, e essa será porventura a razão por que nunca, até presente, me tinha apercebido da inevitabilidade da perda inerente à escolha. Essa será porventura também a razão por que não mudo. Cheguei há precisamente duas semanas e claro que ainda não tive a oportunidade de estar com todas as pessoas que queria, mas uma coisa é unânime entre os meus amigos, saindo-lhes mesmo antes do “Olá!”, como se a estupefacção atropelasse a polidez na ponta da língua: “Estás igualzinha, incrível, não mudaste nada!” E então replico, mutatis mutandis, os argumentos que já tinha esgrimido quando regressei de Paris: “Estavam à espera de quê? Até parece que não me conhecem? Não achavam que vinha de texanas, chapéu, estrelinha e colete?” E abraçamo-nos, rimos e passamos logo à fase seguinte, a actualização das últimas “do país e do mundo”, vulgo intensivas sessões de cusquice e porventura até de alguma maledicência. Essa será possivelmente também a razão por que tenho dois (melhores) Amigos e uma lista infindável de colegas e conhecidos que a convenção oral, as máximas conversacionais e a implicatura discursiva tornaram “amigos”. Essa será porventura a razão por que a generalidade das pessoas ou me adora, ou me detesta. Essa será porventura a razão por que sou de extremos em quase tudo.

Inflexibilidade? Inflexibilidade.
(O que os meus amigos não sabem é a quantidade de situações (leia-se "apuros") de que o cultivo da dita - Inflexibilidade -, felizmente, já me retirou e nem sequer calculam o quanto me custa ser inflexível, tantas vezes, em certas e determinadas situações, quando é muito mais cómodo e até porventura benéfico para mim no imediato não o ser.)
Há quem lhe chame Coerência, Princípios, Constância, Valores, Personalidade, até Medo!... Os meus amigos ficam-se pela Inflexibilidade. Dizem que me assenta bem. (!?)
No entanto, dadas as circunstâncias, e apesar da Inflexibilidade que, admito, me caracterizará, considero absolutamente impossível ter escapado a alguma mudança, o que quer dizer que, à excepção de um, até agora, os meus amigos são muito pouco observadores. As maiores e mais importantes mudanças não se vêem a olho nu, operam-se no interior de nós mesmos.
Eu própria não sei ainda bem o quê, mas alguma coisa mudou… e bastante.
O "amigo observador" acha que nos meus olhos há um brilho diferente...
Porto, 8 de Junho de 2006

4 comentários:

Anónimo disse...

como vao os moskitos?lolol!BJINHS.Nininha

Joana disse...

Quem me dera que fossem mosquitos, sao uns insectos inominaveis e energumenos... Enfim, acho que consegui extermina-los de vez, mas nunca fiando... aguardemos pelos proximos desenvolvimentos! Jinhos

Anónimo disse...

O MILAGRE DA LUZ!lolol!devias ate mudar d clube!he!bj Nininha

Joana disse...

A verdadeira LUZ sai da chama do
DRAGÃO!!! ;)