quarta-feira, maio 30, 2007

Alguém se lembra deste post?

http://substante.blogspot.com/2006/06/no-comboio.html

Qual é a probabilidade de o mesmo voltar a acontecer a uma pessoa?
Ou melhor, qual é a probabilidade de eu ir novamente no mesmo comboio que o Sr. A-menina-tirou-direito-na-UM-seria-possível-vê-la-novamente e ele vir com a mesma conversa e-x-a-c-t-a-m-e-n-t-e?

Depois de não ter conseguido sair da cama a tempo de apanhar o comboio que prentendia. Depois de ter apanhado uma molha monumental (com os efeitos usuais - mas nunca queridos - de encaracolamento irreverente do meu cabelo) por ter que ir ao multibanco que no metro o pagamento por cartão não funcionava. Depois de ter esperado uma eternidade pelo dito metro que hoje apenas os serviços mínimos foram garantidos. Com mais cerca de uma hora de viagem pela frente que o comboio não era dos rápidos. Não há direito.


Chegar à Faculdade e dar com o nariz na porta da biblioteca, fechada antes da hora. Chegar ao gabinete e dar com o meu Orientador ao computador na sua hora de almoço que é a minha hora de trabalho ao computador.

Um dos consolos do dia: Ir almoçar ao vegetariano. Deliciar-me com a melhor feijoada (de soja) do universo.

Chegar à Faculdade, ir ao computador (finalmente!), assistir às Provas de Doutoramento, afinal o motivo por que vim à Faculdade hoje.

Segundo consolo do dia: Brilhante, brilhante, brilhante. Tenho muito orgulho em conhecer a M.J., não foi minha professora, mas podia ter sido. Além do que há sempre entre doutorandos uma solidariedade que se constrói nem sei bem como. Emocionei-me e isso foi antes de, nas palavras dela, me passar "o ramo de noiva". Sou a próxima.

Mas, para finalizar em beleza, e em abono da verdade, falta o durante as provas. Bem o antes: dirijo-me para o elevador, encontro um senhor à porta do mesmo, deixa-me entrar primeiro - o que eu gosto deste geração que deixa as meninas entrar em primeiro lugar! - depois vem um professor desta casa a correr, cheio de salamaleques para com o senhor. Percebi. Era um dos arguentes, vinha do país vizinho e como é uma autoridade internacional há que se desfazer em delicadezas. Muito simpático, muito simples, não me desfiz - não sou disso - mas lá fui falando com ambos. O pior veio depois. No durante. Passou o tempo todo a olhar para mim. (?!) Se bem percebo destas coisas, a argumentação dele já estava toda feita e estudada pelo que não tem necessariamente de ouvir a exposição da candidata, mas podia, ao menos, disfarçar melhor a figura de corpo presente. Além do que havia sempre a possibilidade de estar a babar para alguém sentido atrás de mim, havia gente nessa fila, que eu bem os ouvia a conversar. Enfim... A cereja (podre) em cima do bolo: no depois, com o meu Orientador de um lado e o meu mentor do outro, a culpa foi do meu Orientador que achou de lançar "O seu comentário sobre a não divisão entre Literatura e da Linguística é muito interessante, muito pertinente..." Eu, interiormente, Hã?Depende do plano, depende do plano em que se estiver, certo? Ele para o meu Orientador: "Pués si, claro, és como las mujeres, se te digo - e aponta para mim - tiene unas roupas bonitas, tiene un pello bonito, tiene uns ojos bonitos, tiene unas manos bonitas... eso és l'exterior. Ahora que devo decir és, todo eso és verdad pero hay algo en el interior mucho más bonito que le dá eso todo." Amarelei. Esta seria a parte em que, se estivesse à espera, daria um berro - interiormente, claro. O Orientador concordou, o mentor também. Eu não disse nada, nem sei se me esforcei por sorrir. Devo tê-lo feito.Logo a seguir o Orientador achou por bem falar-lhe do *meu* trabalho que ele achou muito interessante e com tantas semelhanças com o dele que não podia deixar de dar-me o seu cartão, para a seguir rematar. "Ya lo dise esta mañana e te lo digo ahora, en Portugal las mujeres más bonitas vienen à L'Universidad Católica de Braga. Estuvo en Universidade do Minho e no és asi, solo aqui, solo aqui." Riram-se todos, mas agora o meu Orientador amarelou. Tinha-se feito luz finalmente!

Conclusão: Não sou adepta nem do método, nem da conduta, mas...
Devia ter feito greve. Hoje.

P.S. Desculpem o meu castelhano que é péssimo, mas como o senhor é de lá, cada falinha tinha o seu (malogrado) salero.

8 comentários:

Anabela disse...

Ó Jô!!!!

Este teu post está divinal!

Não te ponhas a pau, não. Assim, por este andar, acabas a caderneta de cromos num instante...! eh eh eh

hasta, muchachita guapissima lolol

Maria de Lourdes Beja disse...

Joana: está a acontecer uma festa dentro do meu cabaz de boas expectativas!Na véspera de São João,uma portuense em Lisboa?Esperarei pelo seu sinal de presença com toda a abertura do meu coração e...das portas da minha casa.Todos esses piropos que nos conta fazem-me imaginá-la como nunca tinha imaginado antes.Não será que o factor beleza se torna mesmo mais visível quando iluminado por uma interioridade fulgurante que poucos são aptos para captar? E de que a maioria distraída só percebe aquele mais óbvio que nem sempre surge nos seus melhores angulos? Bjs e até Lisboa!

Anónimo disse...

Anima-te, que um dia com elogios nunca é dia pra greve :P

Joana disse...

Anabela,

"a caderneta dos cromos", não é que é mesmo isso? Tu é que me entendes! ;)

Maria de Lourdes,

É o único dia que tenho como certo, porque regresso da Bélgica e chego por Lisboa.

Começa a imaginar-me como eu não sou. Curiosamente assim que cheguei vinha para apagar este post, temendo precisamente isso. Que os meus amigos bloggers comecem a compor uma imagem de diva ou algo assim, absolutamente diferente do que sou na realidade.

Sou uma portuguesa típica, daquelas que têm quilinhos a mais, um cabelo difícil, (e um interior obscuro por vezes), absolutamente normal portanto. :)

Jinhos a ambas.

Joana disse...

Cientista,

Elogios? Só se se ouvir o espanhol com bonomia. Porque em relação ao outro não há bonomia que o safe. Não sei se foi dos EUA, mas a invasão do meu espaço, i.e. o dito sair do seu lugarzinho para se vir sentar à minha frente com o chorrilho laudatório já conhecido... yuck! :P

Jinhos.

Anónimo disse...
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Joana disse...
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Anónimo disse...
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