Às duas da tarde muda o turno na Biblioteca. A pessoa que está responsável pela sala na parte da manhã termina o seu dia de trabalho e outra começa. Suponho que isto acontecei em todas as salas. Acontece, sei.
Uns mais que conhecedores que outros, uns mais rápidos que outros, uns mais interessantes que outros, uns mais simpáticos que outros, na generalidade os funcionários da Biblioteca são bons. Muito bons até. Por isso gosto de vir trabalhar para cá. Tenho o silêncio de que preciso para trabalhar num ambiente que me agrada porque me descontrai e estimula ao mesmo tempo. Mas, preciso de silêncio para trabalhar. Porque só com silêncio me consigo concentrar e só trabalho bem quando me concentro a 200%, o que só se torna possível, naturalmente, com silêncio. Não precisa de ser um silêncio sepulcral, o espaço é público - tenho bem noção disso - pessoas pedem livros, chegam e partem, mais ocasionalmente do que constantemente. Isso é próprio, faz parte da dinâmica do espaço. De manhã, porém, a afluência de público é menor. De manhã, também, é quando trabalho melhor, tudo flui... À tarde, o movimento é maior, mas nada que me impeça de desenvolver as actividades e tarefas que estipulei para o dia. E são muitas, especialmente agora que tenho uma apresentação aí à porta...
Com o barulho dos adolescentes posso eu bem, com as conversas cochichadas das meninas de enfermagem também, até com os atletas ao telemóvel cá dentro eu consigo trabalhar, agora com um funcionário que o tempo que não está ao telefone a matar saudades dos sobrinhos, é passado ao mesmo telefone a tratar do irs enquanto não chega ninguém à procura de um livro, que quando chega esse alguém ouve e é chamado a participar numa longa dissertação acerca do que quer que seja; da chuva ou do calor que não faz, da visita do PR à Madeira, de outra visita de alguém a um sítio qualquer , do jogo de não sei quem ontem, ou da visita guiada que ele pode fazer-lhe à Biblioteca, acompanhada de esclarecimento informático sobre como usar o catálogo. Tudo isto nos decibéis de uma conversa amena entre amigos... NÃO POSSO. Não consigo tolerar. E não consigo tolerar porque não sei o que fazer, como lidar com isto. Normalmente são dois funcionários à tarde e isso, percebo agora, é que o leva a moderar-se. Apanhando-se sozinho à secretária, com a tarde toda pela frente é blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, até mais não. O senhor tem idade para ser meu pai, deve ter anos e anos de serviço e uma vida que bem pode explicar a verborreia. Se assim for, e parece-me que é, ele pode nem ter noção de que a conversa constante incomoda. E por isso, e por tudo o que certamente me escapa, não concebo ir ali à frente pedir-lhe que... deixe de ser quem é(?). Mas o pior é que isso, seja da pressão destas últimas semanas, seja do trabalho, destes e dos dias que se aproximam, está a deixar-me verdadeiramente em pânico. Desde as duas que o trabalho não rende. E não me posso dar a esse luxo. Já fui à casa de banho lavar a cara. Já li o JL desta quinzena. Já fui dar uma volta.Já fui até à sala de de baixo, averiguar se há mesas disponíveis. Não há, claro!
E agora estou a fazer um esforço enorme para não chorar. O mais certo é, daqui a vinte minutos, quando for lá fora comer a maçã do costume, engoli-la com as lágrimas que estou a reprimir neste momento.
O respeito é uma coisa estranha: não sei se a falta de respeito maior é a dele por mim ou a minha. Por mim.
Uns mais que conhecedores que outros, uns mais rápidos que outros, uns mais interessantes que outros, uns mais simpáticos que outros, na generalidade os funcionários da Biblioteca são bons. Muito bons até. Por isso gosto de vir trabalhar para cá. Tenho o silêncio de que preciso para trabalhar num ambiente que me agrada porque me descontrai e estimula ao mesmo tempo. Mas, preciso de silêncio para trabalhar. Porque só com silêncio me consigo concentrar e só trabalho bem quando me concentro a 200%, o que só se torna possível, naturalmente, com silêncio. Não precisa de ser um silêncio sepulcral, o espaço é público - tenho bem noção disso - pessoas pedem livros, chegam e partem, mais ocasionalmente do que constantemente. Isso é próprio, faz parte da dinâmica do espaço. De manhã, porém, a afluência de público é menor. De manhã, também, é quando trabalho melhor, tudo flui... À tarde, o movimento é maior, mas nada que me impeça de desenvolver as actividades e tarefas que estipulei para o dia. E são muitas, especialmente agora que tenho uma apresentação aí à porta...
Com o barulho dos adolescentes posso eu bem, com as conversas cochichadas das meninas de enfermagem também, até com os atletas ao telemóvel cá dentro eu consigo trabalhar, agora com um funcionário que o tempo que não está ao telefone a matar saudades dos sobrinhos, é passado ao mesmo telefone a tratar do irs enquanto não chega ninguém à procura de um livro, que quando chega esse alguém ouve e é chamado a participar numa longa dissertação acerca do que quer que seja; da chuva ou do calor que não faz, da visita do PR à Madeira, de outra visita de alguém a um sítio qualquer , do jogo de não sei quem ontem, ou da visita guiada que ele pode fazer-lhe à Biblioteca, acompanhada de esclarecimento informático sobre como usar o catálogo. Tudo isto nos decibéis de uma conversa amena entre amigos... NÃO POSSO. Não consigo tolerar. E não consigo tolerar porque não sei o que fazer, como lidar com isto. Normalmente são dois funcionários à tarde e isso, percebo agora, é que o leva a moderar-se. Apanhando-se sozinho à secretária, com a tarde toda pela frente é blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá, até mais não. O senhor tem idade para ser meu pai, deve ter anos e anos de serviço e uma vida que bem pode explicar a verborreia. Se assim for, e parece-me que é, ele pode nem ter noção de que a conversa constante incomoda. E por isso, e por tudo o que certamente me escapa, não concebo ir ali à frente pedir-lhe que... deixe de ser quem é(?). Mas o pior é que isso, seja da pressão destas últimas semanas, seja do trabalho, destes e dos dias que se aproximam, está a deixar-me verdadeiramente em pânico. Desde as duas que o trabalho não rende. E não me posso dar a esse luxo. Já fui à casa de banho lavar a cara. Já li o JL desta quinzena. Já fui dar uma volta.Já fui até à sala de de baixo, averiguar se há mesas disponíveis. Não há, claro!
E agora estou a fazer um esforço enorme para não chorar. O mais certo é, daqui a vinte minutos, quando for lá fora comer a maçã do costume, engoli-la com as lágrimas que estou a reprimir neste momento.
O respeito é uma coisa estranha: não sei se a falta de respeito maior é a dele por mim ou a minha. Por mim.
4 comentários:
é a tua... por ti. Se estiveres em Lisboa vai para a biblioteca da Católica. Apesar de nunca lá ter estudado é a minha catedral da concentração. Tem um enorme manacial de obras das mais variadas áresa. Fundamental no curso, fundamental agora na tese.
As pessoas tem d aturar d td.
Eu tnh d aturar o Reininho e as suas alermices. (eu e mais 120 pessoas)
Ouriço,
Catóoooooooooooooooooooooolica é a minha Universidade :), por acaso! Mas Católica de Braga. E a Biblioteca que descrevi, não sendo a da minha Universidade, é das melhores do país. Em *quase* tudo. :) Estou numa parte crucial da tese, tenho uma apresentação para fazer, muito trabalho e pouco tempo, daqui a nada é o meu aniversário que por uma série de razões não vou celebrar e por isso, ou talvez por nada, ando com os nervos um bocado à flor da pele...
De qualquer maneira, aguçaste-me a curiosidade... Quando for a Lisboa, se não for a correr como é hábito, hei-de demorar-me para os lados da Católica. :)
Pedro,
Estás crescer. E a escrever cada vez melhor. :)
Jinhos aos dois.
A Católica está aprovada! Mas não dá mesmo para mudar de sítio? Bom, então vais ter MESMO de falar com ele. O que eu diria seria algo do género: "Bom dia, o meu nome é... Estou a preparar uma tese de doutoramento em... e tenho de entregar uma apresentação da MAIOR importância dentro de alguns dias e apreciaria muito se pudesse contar com a sua preciosa colaboração." Ele ia perguntar, sem perceber nada: "Eu? Como a posso ajudar?"
E aí, poria o meu ar mais cândido e diria: "Gosto muito de vir estudar para aqui e preciso de silêncio para concluir este trabalho... é possível falar um pouco mais baixo? É que não tenho possibilidade de mudar de sítio..."
Quanto ao Guevara... não sei como se fala com Reininhos, eheheheh.
Depois conta como correu!
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