Ossos longos, ossos chatos, ossos curtos, ossos irregulares. O osso é uma estrutura exclusiva dos animais vertebrados - a única que lhe sustenta o corpo e apoia os músculos para o movimento. É osso o que protege cada órgão vital do nosso corpo: o crânio protege o cérebro, as costelas, o coração. SUB-STANTE.
sábado, janeiro 31, 2009
Hoje - mais logo - eu - ...
sexta-feira, janeiro 30, 2009
Amanhã
quinta-feira, janeiro 29, 2009
Para os ouvidos, mas de deixar qualquer um... nu!
1- És homem ou mulher?
Strange Fruit - Billie Holiday
How am I to know - Billie Holiday
3 - O que as pessoas acham de ti?
I don't know what it is - Rufus Wainright
This boy (também aqui) - Rufus Wainright, Sean Lennon, Robert Schwartzman
5 - Descreve o estado actual da tua relação.
I get along without you very well - Chet Baker
(aqui pela Billie Holiday e aqui pela Nina Simone)
6- Onde querias estar agora?
Over the rainbow - Israel Kamakawiwo Ole
(aqui pelo Rufus Wainright, olhos rasos de.)
7 - O que pensas a respeito do Amor?
I'll be seeing you - Billie Holiday
8- Como é a tua vida?
Across the Universe (também aqui) - Rufus Wainright
9- O que pedirias se tivesses um só desejo?
Cigarettes and Chocolate Milk - Rufus Wainright
Naaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!
Someone to watch over me - Martha Wainright
10- Escreve uma frase sábia.
I'm going to lock my heart and throw away the key - Billie Holiday
(aqui pela Carmen McRae)
(Tal como na subida para os Clérigos, lembra-se, menina Ana?)
I want a little sugar in my bowl - Nina Simone
(porque ainda ontem à noite a ouvi para adormecer e agora estremeci porque a acabam de mencionar e eu!)
Quem quiser fazer o mesmo no seu cantinho, sinta-se intimado.
quarta-feira, janeiro 28, 2009
Hoje a Teté faz anos!!!
Este ano começou diferente. Sobrou-nos o espaço no quarto, faltaram os risos e as histórias e as piadas ao jantar, esvaziou-se um lugar à mesa. Aumentou o silêncio – ecoa, sabes?, quando rodo a chave ao fim do dia, todos os dias. Também passou a reinar um certo vazio nas tardes de domingo, as mesmas em que se me multiplicam as tarefas.
Hoje a Teté faz anos. Longe. Numa ilha que nem sequer é a nossa, com muita gente, mas sem nós. Sem nós a jantarmos todos, sem nós a cantarmos os Parabéns, sem nós a soprarmos as velas de um mega-bolo de chocolate, sem nós a sairmos depois.
Crescemos, todos, e connosco a distância – ou o contrário, é mais isso. Isso e os telefonemas diários. Têm que se continuar a quase só falar em Inglês – já andamos nisto há vinte e dois anos... –, tem que se continuar a discutir e a problematizar em Inglês e, muito importante, tem que se assegurar a perpetuação das private, a nossa tradição de private jokes em Inglês, of course. Nem que seja por meio de um fio.
Hoje a Teté faz anos. Longe. Mas bem. Na sua casa, com uma série de amigos e colegas, irmãos emprestados, um serão que promete e... dois, não é?, dois mega-bolos de chocolate.
Há coisas que nunca mudam. Quando os nossos avós celebraram as Bodas de Ouro houve grande festa lá em casa, e a Teté, que não teria mais de quatro anos, foi a estrela da festa. Para a posteridade, a fotografia da Teté vestida ainda de festa – para os menos entendidos: lambuzadíssima de chocolate –, dedo na boca, a dormir o sono dos gulosos por cima da colcha da cama.
A História também reza de um desaparecimento súbito, para debaixo da mesa da cozinha, por motivos mais ou menos idênticos, de índole gastronómica, pelo menos. Tal como está nos cânones o dia em que os peixes da nossa lagoa – eu pedia tanto “um peixe na mão” a toda a gente lá de casa e ninguém nunca!... – me vieram ter às mãos (literal e finalmente!) via vassourada ágil e determinada da Teté.
Acho que é isto mais ou menos que está neste sorriso e no olhar que quem não a conhece pode adivinhar. Pro-activa, confiante, polivalente, extremamente inteligente, por baixo do estetoscópio fuschia um coração de manteiga (de cacau!), um dos melhores seres humanos que conheço, a minha mana Teté. Parabéns!!!
terça-feira, janeiro 27, 2009
A amada do Poeta
E então disse: É muito bonita.
O que até podia ser uma outra maneira de grunhir, mais cobarde, para dentro, sozinha. Mas não era, não foi. Havia simpatia naquele muito. Muita simpatia minha naquele muito.
Porque olhei no momento exacto em que sorria espontaneamente, dei com o sorriso a desenhar-lhe uma série de rugas na pálpebra esquerda. Quatro. Quatro rugas a subir do fim do olho pálpebra acima. Quatro rugas marcadíssimas, ali, exactamente no mesmo sítio, mas mais marcadas, muito mais marcadas que as minhas, muito mais marcadas que todas as outras suas, também. Quatro, ali. Quatro, como eu. Quatro. Foi quando disse: É muito bonita. E pontuei a avaliação com um sorriso final. (Um daqueles que uso para fugir a dizer o que penso.)
Sorri. Não disse o que pensei. Porque o que pensei foi: Ora ali está alguém que já adormeceu muitas noites a chorar. E isso é coisa que não se diz assim.
sábado, janeiro 24, 2009
Fui vigiar um exame a uma pessoa com a tua cara
Fui vigiar um exame a uma pessoa com a tua cara. Ontem. Nunca teria reparado na tua cara ali, se quem a tem não me tivesse agradecido o enunciado. Ou a ditadura com sorriso. Quarenta e uma pessoas, dois bonés, uns boxers do Nemo, um par de phones, um obrigado. Um obrigado com a tua cara.
Fui vigiar um exame a uma pessoa com a tua cara. Ontem. O outro colega vigilante sempre no estrado. Fui para onde gosto de os olhar: o fundo da sala. Já tive aulas naquela sala. Já dei aulas naquela sala. De todas as salas, qualquer sala, o fundo para os olhar. Muito quieta, toda olhos, fiquei à espera. No fundo da sala. Toda olhos à espera. Da altura dos suspiros, da hora daquele soprar para o lado que faz esvoaçar as franjas, do trocar de pernas indeciso, do remexerem-se nas cadeiras, de..., nada. Nada. Nada. Nada. Das duas uma: ou tenho muito jeito para as ditaduras, agora têm medo de respirar, ou esta gente não é feita da mesma massa que - pensei, enquanto deambulava por entre Puccas e a tua cara. A tua cara. Em partes: não os olhos, não a boca, não de todo o nariz, as sobracelhas talvez, as sobrancelhas, não, mas a tua cara, a tua cara numa outra cara. Baixa as duas horas e meia, obscurecida de luz pelo nervoso miudinho todo o tempo, a tua cara ali numa outra, aquele rosto anguloso, clássico, a tua cara, que não se deixou repousar no meu olhar senão no obrigado e no adeus. A tua cara, ali.
Fui vigiar um exame a uma pessoa com a tua cara. Ontem. E pus-me a pensar no tempo. No deles, no nosso, no meu. Alguma vez, outrora, agora. Pus-me a pensar no tempo. Em como cria espaços, quanta Pucca, meu Deus!, falhas, dois bonés, uns boxers, um par de phones, em como gera o vazio. Em como enfraquece o entendimento. Mea culpa. Em como o sentimos passar: rápido, se estamos velhos; devagar, se, aqueles quarenta e um, novos. Fui vigiar um exame a uma pessoa com a tua cara. Ontem. E não consigo deixar de pensar por que me apareceste ali, ao fim de tanto tempo, Luís.
quarta-feira, janeiro 21, 2009
Sem palavras
Nesse tempo, remexia as estantes, os livros, os livros das estantes; nas estantes compunha, descompunha, repunha. Muito, sempre. Sempre até se cansar, ou até achar que bastava. Sempre até achar, querer olhar, janela fora. Postava-se à minha frente para olhar a rua da minha janela. Muito direito, esticadinho, ver-ti-cal, tirava-me a luz do dia, dava-me outra, para olhar janela fora. Olhava muito, sempre. Sempre até se cansar, ou achar que bastava, e pôr, compor, descompor, repor os livros da exposição. Não dizia palavra, dizia tanto, não dizia palavra, nunca. Olhava. Só.
Nos dias em que calhava não estar por perto, e eram muitos às vezes, por dá cá aquele livro, por... quê?, na-da, por nada, vinha cá acima olhar sala fora, olhar: -me, a sala, os livros, as estantes, a janela, a exposição... Olhar só. Do cimo das escadas, olhava como se deve olhar sempre. Só. Sem mais. Vinha cá acima para olhar sem mais. Dali, dele, nunca, nenhuma palavra. Todo olhar.
As palavras estragam os laços. As palavras estragam os laços que começam nos olhos. As palavras ditas desfazem os laços. Desfazem. Descobrem. Destroem. Desatam. Os laços.
Devíamos ser mudos. E surdos. Todos, à nascença. Devíamos ser olhos e mãos. Só. Devíamos dar palavras de comer aos peixes. Todas as palavras. Sempre. Até não haver o que dizer. Até não haver mais o que dizer. Até só restarem palavras de mãos e palavras de olhar. Olhar, sobretudo. Olhar. Só.
Agora, neste tempo que não há, mas é, é ela que vem. Agora é o tempo em que ela vem. Remexe as estantes, os livros, os livros das estantes; nas estantes põe, compõe, descompõe, repõe. Cirandea muito, sempre. Exactamente como ele. Todos os lugares, cada paragem. Toda olhar. Mas não como ele. Olhar só. Como ele, nunca. Até vem à minha janela, até ajeita a exposição. Até se posta à minha frente, cega para a rua: posta-se à minha frente para me olhar. Até me sorri. Para me olhar por fora. Até é o sol que não faz, a chuva e o frio lá fora, a janela que eu posso abrir, se quiser – está tão abafado, não acha? Para me olhar de viés. Até é a última requisição – não é para si, não? ... como se chama?. Para me olhar por dentro. Até. Neste tempo que não há, mas é, ela é um chorrilho de palavras rasgadas de um sorriso em forma de olhar que não o é, um olhar terrível, de... selva.
A vida leva-nos por caminhos estranhos. A minha, por agora, para longe deste tempo. Sem palavras.
terça-feira, janeiro 20, 2009
As pessoas dos blogs
Concordo com tudo, já vivi muita coisa, já vi de tudo. Faz o maior sentido, todo o sentido. Mesmo. Mas ainda assim, por teimosia, por despeito, por ingenuidade, por amizade, por que sim e porque não?, por todos os pores e porques, cá vou estando, mais ou menos substante.
Para a posteridade, por cá, em jeito de vénia, uma fatia pequenina das melhores pessoas dos blogs que conheço, por todas as razões mas muito especialmente porque me chegaram ao mail com estas palavrinhas: as fotografias tiradas na nossa mítica saída ao Porto ainda no ano passado, em Dezembro. E eu gosto de coisas míticas.
segunda-feira, janeiro 19, 2009
sexta-feira, janeiro 16, 2009
De ter promessas felizes à espera
Acordo comigo a dizer Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante. Repito muito isto, é a repetição que me acorda. Penso numa data de coisas, com sentido mas sem importância, e quando dou por mim: regressos. Outra vez.
Acordo comigo a dizer Era melhor teres vindo à mesma hora. Por exemplo, se vieres às quatro horas, às três, já eu começo a estar feliz... fico a conhecer o preço da felicidade! Isto não repito. Isto chega para ficar acordada a pensar. E não é na crise. Preços. O preço. As melhores coisas da vida não têm preço: regressos. Outra e outra vez.
Só conhecemos o que cativamos. Repito muito isto também. Conhecer é um problema, com o conhecimento vem a responsabilidade, com a responsabilidade a ética, com a ética a incompreensão, com a incompreensão: regressos. Vezes sem conta.
Li O Principezinho pela primeira vez aos onze anos, era preciso, para Português, reli-o dez anos depois em Paris, porque sempre que saía das aulas aquela capa colocava-se à frente de todos os lápis e afias e borrachas do principezinho, à frente de todas as malas e mochilas e troleys do principezinho, à frente de todos os posters, postais e molduras do principezinho, todos os fins de tarde aquela capa entrava-me a doer pelos olhos dentro desde aquela montra enorme em frente ao Institut d’Études Ibériques, por detrás do Panteão. (E eu precisava muito de colo.)
De tanto pensar: chegamos a todos os lugares, mas regressamos aos lugares que são nossos. Não aos que nos deram, não aos que fizemos nossos, não aos que, achamos, nos pertencem, não: regressamos aos que são. Nossos e pessoas. Os lugares são pessoas. As pessoas fazem os lugares e os regressos estão sempre guardados, e certos, muito certos, aos lugares que são, sabemos, nossos, muito nossos, desde o início, desde antes, muito, muito antes, de lá termos chegado. Não vale a pena querer. Querer mesmo, querer muito, muito, muito, muito, muito, não, não vale. O importante é crer. Crer só.
Regressei hoje.
De manhã, deram-me uma joaninha e colo, muito colo, um colo bom, aquele colo que se dá a quem tem vinte e sete anos e, mal de profissão, pensa, problematiza, questiona, hipotetiza, demasiado.
Ao almoço, nem de propósito, abanaram-me da maneira mais doce possível, perdi o apetite, mas ganhei-me, e tão completamente quanto se pode, pela amizade, pela esperança, pela verdade. Ganhei-me. E roubei daqui este título.
A esperança. Há um autocarro cujo número não recordo mas que me levou muitas vezes da Foz à Ribeira num Verão antigo ao fim da tarde. Nesse Verão, como em todos, o fim da tarde da Foz à Ribeira era rosa, um rosa-rosa, o rosa mais suave, mais doce e mais bonito que o azul do mar onde ele toca e acaba pode espelhar. Nesses fins de tarde era o rosa da esperança.
Regressei hoje. E agora, promessa feliz à espera, tenho de ir.
segunda-feira, janeiro 12, 2009
Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
segunda-feira, janeiro 05, 2009
Pessoas que nos ficam no coração
(25/07/1930 -04/01/2009)