quinta-feira, junho 25, 2009

Um balão para eu não pensar


O nosso balão maior

Ainda na sequência da festa mais festa das duas cidades por que vou passando os dias em pêndulo constante, dou comigo vezes sem conta a recordar, mais do que qualquer outra coisa, os balões que lançámos lá em casa.

Dou comigo a recordar aquele balão maior que as janelas da marquise, o que nos obrigou a migrar para a frente da casa, para a varanda, o que nos obrigou a mil e uma destrezas e outros tantos malabarismos, o que atravessou, lindo, maior, o telhado do prédio, que nós bem corremos para a marquise na parte de trás para o ver, lindo, maior, subir, subir, subir.

Vem com listinha de instruções, cada balão, meia dúzia de indicações, claras, precisas e simples, abra com cuidado para não rasgar o papel, acenda dos dois lados, espere até encher e subir, coisas simples, realmente simples. Bonito, bonito, é ser assim, tão simples, bonito, bonito é ser assim, esperar tão pouco, subir tão leve, voar tão rápido, brilhar muito até ser um pontinho de fogo, uma estrela, num céu tão pontilhado por outras, iguais.

Dou comigo a pensar que não se pensa muito, porventura nada, quando se lança um balão de São João. Pensar, mata; pensar, rasgaria o papel, apagaria a chama, impediria o voar – e um esqueleto de arame não voa!... – pensar, mata as coisas bonitas, tudo o que voa.

Nunca pensei que conseguisses fazer isto, sabias? Sabia, por acaso, nem eu, por isso não me percebi por que me pediste para. Ora, por isso mesmo, é que, afinal..., afinal às vezes não pensas! Pois, pelos vistos, às vezes não.

E continuámos na marquise muito tempo ainda para o ver, lindo, maior, subir, subir, subir, ao sabor do nosso não-pensar.

6 comentários:

V. disse...

«Dou comigo a pensar que não se pensa muito, porventura nada, quando se lança um balão de São João. Pensar, mata; pensar, rasgaria o papel, apagaria a chama, impediria o voar – e um esqueleto de arame não voa!... – pensar, mata as coisas bonitas, tudo o que voa.»

com isto me calo.

beijinho*

Joana disse...

Vanessa,

E eu calo-me contigo.




Jinhos.

Ouriço-Cacheiro disse...

Olá, estive de férias sem (o vício) da net. Que saudades já tinha de te ler ;-)
ps: a mesa está com óptimo aspecto, abriu-me o apetite e lembrou-me... as férias!!!!!!

Joana disse...

Ouriça,

Sê bem-regressada! (Já estranhava a ausência.) É bom saber-me lembrada... :D

A mesa estava melhor na véspera: maior, mais cheia, mas enfim... Ainda bem que te abro o apetite por cá!

Jinhos.

Maria Rita disse...

Oh, deve ter sido tão bonito lançar os balõezinhos! Assim, sem pensar e deixar o nossos olhos irem com aquela luzinha quente. :)

Beijinhos ;)*

Joana disse...

Frida,

Tão bonito, mas tão... Uma coisa que têm que fazer um dia! ;)


Jinhos.