terça-feira, setembro 22, 2009

A minha palavra favorita



Sempre.

Sempre é a minha palavra favorita. Os meus irmãos mais novos foram para a aula de condução e eu vim para cá ver os amigos. Ter irmãos, de sangue ou do tipo amigo, é uma coisa maravilhosa: ter irmãos de sangue mais velhos, especialmente quando, se, se é rapariga é um luxo - não me calhou em sorte; ter irmãos de sangue mais novos - aconteceu -, tenho, e, depois de uma altura que em que era um tormento, é uma benção. Acho que seria muito pior pessoa, muito mais aborrecida, e quieta, muito mais triste, e estúpida, e pensar-me-ia ainda mais velha - coisa gravíssima -, se não fossem eles. Eles a arrastarem-me para os programas que não faria nunca: para os passeios que não daria, para os jantares a que daria a primeira desculpa de que me lembrasse, para os concertos que conscientemente esqueceria, para o cinema que faria por conseguir por janelas travessas e ver numa manhã de fim-de-semana, dos meus fins-de-semana de sofá e pijama. Ter irmãos, e mais novos, é das melhores coisas que os pais podem oferecer os filhos, eu sou disso a prova viva - dizem-me os meus. E custa menos do que a televisão. (Não sei por que razão me dizem os meus pais isso, a mim, só a mim...)

Ontem fomos, os meus irmãos mais novos e eu, ao cinema. É bom ir ao cinema à segunda à noite. Só certas pessoas vão ao cinema na segunda à noite, e em começo de ano escolar, ainda é melhor... - não há muita gente. Ir com os meus irmãos ao cinema é uma experiência única. Uma que exige algum tempo e muito espaço. Primeiro tem que se ir jantar, depois comprar os bilhetes, depois jogar bilhar - ou outra coisa qualquer, de máquina, com intervalo para sessão fotográfica parvinha - depois aqueles discos que se movem a ar e depois é que sim. Cinema. Ou seja: coisas que não há, definitivamente, nos meus fins-de-semana de sofá e pijama. Ontem estávamos já na recta final, dos discos que o ar vai fazendo deslizar, depressa, depressa que só temos mais sete segundos, quando começa a You and Me Song. E a minha irmã e eu a and it's always you and me always, a minha irmã e eu a esquecermos o tempo, and forever, os sete segundos expirados, you and me always, a minha irmã e eu a aproveitarmos o espaço, and forever, eu a pensar em quando esta canção iluminava outros tempos, uns tempos de sofá que não eram de pijama, mas de calças de ganga e sapatilhas e almofadas pelo ar, e que nunca, por nada, calhavam ao fim-de-semana.

Há pessoas que dizem que sempre é muito tempo. Há pessoas que não percebem nada da vida. Os meus irmãos mais novos e eu seremos sempre, todos os dias das nossas vidas, e no entanto o nosso sempre de ontem durou bem menos que os sete segundos que nos faltavam para terminar o jogo e ir para o cinema.

Sempre é a minha palavra favorita de todas as palavras. É foi e é será, é de olhos e é de mãos, mesmo antes de os olhos e as mãos estarem lá, mesmo depois dos olhos e as mãos estarem lá, é always e é forever. Sempre. Há pessoas, muita gente e pouca gente, que não me entendem quando digo isto - recebo a propósito sorrisos mais ou menos compreensivos, mais ou menos incrédulos, mais ou menos escarninhos. Também não faço por me explicar. A rosa é bela sem ter porquê.

11 comentários:

100 remos disse...

O todo do meu sempre é igual ao teu...Bjo ;)

Vanessa disse...

ainda hoje falávamos na importância dos irmãos. pois, disseste tudo. e tão bem... :)

beijinho*

Joana disse...

100remos,

Good!... :)))))))))))


Vanessa,

Pois. São uma grande, grande sorte. ;)


Jinhos a ambas.

moço disse...

Eu não tenho irmãos. Para conversar, havia os bonecos (sei falar para o boneco como muito pouca gente) e, mais tarde, os diários. O problema era fazer o pino: tentava-o contra a parede do quarto, mas faltava-me aquele último amparo nas pernas. Enfim. Mas sei andar de bicicleta sem mãos.

Joana disse...

Moço,

Aposto que tens irmãos do tipo amigos, muitos e muito bons - eu conheço uma... ;)

Olha, falar para o boneco! Também domino. (Não sei como aperfeiçoaste a tua técnica, mas para mim foi fácil, quase natural..., bastou ter a mania da maternidade - i.e. ser mana-galinha - de três irmãos, bonecos, mais novos... Quanto ao resto, não me posso pronunciar :SSS: não sei fazer o pino, nem andar de bicicleta. :(

Jinhos.

Maria Rita disse...

Eu só tenho irmãs mais velhas, adorava ter irmãos mais novos, muitos, mas quando estamos as três também costuma dar para essas coisas! :)

E esta música...faz tanto tempo que não a ouvia! Dá uma energia :))

Beijinhos*

Joana disse...

Frida,

Eheheheheh!!!

Há que levar "essas coisas" na mala, não pesam e não ocupam espaço, e a música... energia, precisa-se! - foi o que fiz esta manhã desde que acordei, eu também... ;)


Jinhos.

Rosario Andrade disse...

Bom dia!!!!!
...always soa maravilhsamente.
Adorava ter uma familia enorme... um montão de irmãos... mas..hélas... reduzida a um (mas dos bons!).

Beijicos

Joana disse...

Rosário,

Acredito, acredito... A forma ter-se-á partido depois disso - já ouvi dizer que acontece muito. Eheheheh!!!

E esperança para a Jazzy, há? Um que seja, para continuar a tradição familiar?... :D



Jinhos.

Oásis disse...

O que eu gosto desses discos que se movem a ar! :P
Sempre... é como identidade, raízes, inerente, substantivo... substante? ;-)

Jinhos!

Joana disse...

Marisa,

Ihihihi! Já sei onde vamos da próxima vez que vieres ao Porto... :D

Isso tudo, pois! ;)



Jinhos.