Um jornal croata, mais concretamente o "Jutarnji list", publicou ontem uma polémica entrevista de Joseph Blatter, presidente da FIFA. Ora, por estranho que possa parecer, tenho de confessar não ser um leitor assíduo da imprensa croata. Assino um ou outro tablóide sérvio, não perco a imprensa desportiva tchechena, mas os jornais croatas passam-me ao lado. Não sei se o "Jutarnji list" é um jornal de referência ou um pasquim, se é credível ou incrível, se é o Público ou o Inimigo Público e, enquanto não o souber, tenho que admitir a possibilidade de tudo não passar de um enorme equívoco ou até de um erro de tradução. Se não for nada disso, se Blatter disse mesmo o que vem lá escrito, então talvez seja altura de começar a equacionar a obrigatoriedade da realização de testes psicotécnicos para avaliar a inteligência dos candidatos à presidência da FIFA. Entre outras coisas que lhe são atribuídas, Blatter terá dito que uma delegação de Portugal - não especifica quem, nem a que título, nem como raios representavam Portugal - se terá queixado de pressões por parte de vários políticos e empresários no sentido de forçar a convocação de Vítor Baía para a selecção portuguesa contra a vontade de Scolari. E terá ido mais longe, garantindo que "os poderosos" insistem que Baía seja convocado pelo menos como terceiro guarda-redes. E para quê? Para poderem vendê-lo por um preço maior, claro. Bonita a forma como o presidente da FIFA terá reduzido Portugal a uma espécie de República das Bananas ao melhor estilo da América Latina onde os políticos e os empresários não têm nada melhor para fazer senão pressionar o seleccionador nacional. Já estou a ver José Socrates e Belmiro de Azevedo agarrados ao telemóvel a tratarem de tudo. Mas o melhor, a cereja no topo da asneira, é que toda esta corrupção tenha como objectivo forçar uma fantástica valorização de Vítor Baía chamando-o ao Mundial como terceiro guarda-redes. Depois de 80 jogos pela Selecção, depois de oito títulos de campeão nacional, de quatro Taças de Portugal, de sete Supertaças, de uma Liga dos Campeões, de uma Taça UEFA, uma Taça das Taças, uma Taça Intercontinental, um título de campeão de Espanha, uma Taça do Rei e uma Supertaça espanhola, aos 36 anos, Vítor Baía é um desconhecido e só precisa desesperadamente de um empurrãozinho de Scolari. Se ao menos o seleccionador o chamasse, nem que fosse para terceira opção, então sim, os grandes clubes europeus perderiam a cabeça oferecendo o céu e a terra para o contratar. De facto, como dizia a minha avó, não há limites nem fronteiras para a estupidez.
JORGE MAIA
In "o Jogo", 19/04/06
2 comentários:
Lá estão os maus a difamar o nosso Vitinho... ;)
Lá estás tu com as tuas piadas!!! Muito engraçadinho! Beijos.
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