Li algures há dias, e subscrevo em absoluto, que o Homem se debate desde sempre com três lutas básicas e estruturantes: a luta com o meio ambiente, a luta com o outro e a luta consigo mesmo. E das três é a última a mais difícil. De aceitar. De vencer. De ultrapassar.
Hoje, durante todo o dia, circunstâncias variadas forçaram-me a ter isto em mente. E é com uma tristeza profunda como o mar e um sentimento de revolta muito grande que escrevo estas linhas. (Se calhar, exagero. Como sempre.)
Levei dezassete anos da minha vida – e considero que foi demasiado tempo – a perceber que possessividade é sinónimo de insegurança. As pessoas não nos pertencem. As obras não nos pertencem. Tanto umas como outras devem ser criadas na liberdade e para a Humanidade. No fundo, nada é nosso. Até porque nós somos tudo. Parte do todo que é tudo. Custou-me imenso chegar a esta conclusão na adolescência. Sofri horrores, e só venci essa luta interior depois de muito procurar, depois de me acalmar e ter o distanciamento suficiente para reflectir, racionalizar, depois de a poeira assentar e finalmente não ter medo de encontrar dentro de mim as respostas. Tinham lá estado sempre. Apenas esperavam o momento da minha predisposição a vê-las e aceitá-las.
Não entendo como é que pode existir alguém com vinte e sete anos que nunca passou por esse tipo de situação-limite. Mas percebo, percebi esta manhã, a profundidade do aforismo “A minha liberdade ACABA quando começa a liberdade do outro.” Verdade. Infelizmente. Quando o que deveria acontecer, se todos fossemos verdadeiramente humanos – seguros, atentos, maduros – seria algo do género: A minha liberdade COMEÇA quando começa a liberdade do outro. Mas não, na realidade acaba. Confere. Experimentei-o hoje.
Tudo começou logo pela manhã quando me apercebi de que a TAL tinha limitado a uso interno o acesso às três únicas músicas que tem no site em mp3. Bravo! Se estão registadas na SPA e se estiveram desde sempre disponíveis para audição online porque é que doravante o uso é interno? Mais valia retirarem-nas da internet, não? É menos ofensivo. Fere, mas não atenta tanto à minha dignidade como consumidora. Fere, porque quando se está longe, qualquer pedacinho de Portugal é importante. E se há a possibilidade de Portugal nos fazer companhia todo o dia…Mas, não: uso interno. Façam bom proveito!
Logo de seguida, foi a E. Apanhou-me no Messenger e dando mostras da maior necessidade e urgência pede-me permissão para fazer uma pergunta. Eu estava cheia de pressa porque tinha de ir para a aula, mas como o assunto me pareceu sério, alertei-a para o facto de não me poder alongar na resposta e pedi-lhe que disparasse. E zás, retirou a anilha à granada e estilhaçou-me. Completamente. Não é que a pergunta, seca, maquiavélica, foi apenas um pretexto para uma descompostura de todo o tamanho! Directamente da detentora da Sobrenomenclatura do nosso colega Edu para aqui a inconsciente, negligente, vilã, criminosa, terrorista antroponímica. Por miúdos: num mail que mandei a todos os meus amigos, conhecidos e afins, figurava um sobrenome a seguir ao nome Edu que não é o dele. E daí o rol de perguntas, o atear da pira e o renascimento da inquisição. "Onde é que foste buscar esse sobrenome?" (...) "Sim, porque o mail é o do Edu." "Eu, eu…" "Diz lá, onde?" "Não sei…" (...) "Eu, eu…" "Ele não é B., nunca foi, é O!!!" "Mas ele…, (...) eu… eu pensei...," (...) "... ele nunca se queixou..." "Como é que podes fazer isso?" "Francamente!" "Palavra de Honra!!!..."
É de mim ou isto é de uma baboseira tal, que roçando o absurdo, de tão ridícula, chega a ser hilariante? Perdi eu minutos de aula com isto, e, porque entrei em choque, quase anifilático, acabei por lhe responder apenas: "Obrigada pelo reparo-É só?-Tenho de ir para a aula-Beijos." Telegráfico? Talvez. Cuidadosamente compassado. A contrastar com o turbilhão interior. Alguém me pode ter a bondade de explicar como é que é possível uma cena SURREAL destas acontecer? Eu já desisti de tentar perceber.
Querida E., aconselho-te a contactares a TAL e te informares acerca da possibilidade, certamente gratuita, de vedares o acesso ao Edu via palavra-passe. Para teu "uso interno".
Hoje, durante todo o dia, circunstâncias variadas forçaram-me a ter isto em mente. E é com uma tristeza profunda como o mar e um sentimento de revolta muito grande que escrevo estas linhas. (Se calhar, exagero. Como sempre.)
Levei dezassete anos da minha vida – e considero que foi demasiado tempo – a perceber que possessividade é sinónimo de insegurança. As pessoas não nos pertencem. As obras não nos pertencem. Tanto umas como outras devem ser criadas na liberdade e para a Humanidade. No fundo, nada é nosso. Até porque nós somos tudo. Parte do todo que é tudo. Custou-me imenso chegar a esta conclusão na adolescência. Sofri horrores, e só venci essa luta interior depois de muito procurar, depois de me acalmar e ter o distanciamento suficiente para reflectir, racionalizar, depois de a poeira assentar e finalmente não ter medo de encontrar dentro de mim as respostas. Tinham lá estado sempre. Apenas esperavam o momento da minha predisposição a vê-las e aceitá-las.
Não entendo como é que pode existir alguém com vinte e sete anos que nunca passou por esse tipo de situação-limite. Mas percebo, percebi esta manhã, a profundidade do aforismo “A minha liberdade ACABA quando começa a liberdade do outro.” Verdade. Infelizmente. Quando o que deveria acontecer, se todos fossemos verdadeiramente humanos – seguros, atentos, maduros – seria algo do género: A minha liberdade COMEÇA quando começa a liberdade do outro. Mas não, na realidade acaba. Confere. Experimentei-o hoje.
Tudo começou logo pela manhã quando me apercebi de que a TAL tinha limitado a uso interno o acesso às três únicas músicas que tem no site em mp3. Bravo! Se estão registadas na SPA e se estiveram desde sempre disponíveis para audição online porque é que doravante o uso é interno? Mais valia retirarem-nas da internet, não? É menos ofensivo. Fere, mas não atenta tanto à minha dignidade como consumidora. Fere, porque quando se está longe, qualquer pedacinho de Portugal é importante. E se há a possibilidade de Portugal nos fazer companhia todo o dia…Mas, não: uso interno. Façam bom proveito!
Logo de seguida, foi a E. Apanhou-me no Messenger e dando mostras da maior necessidade e urgência pede-me permissão para fazer uma pergunta. Eu estava cheia de pressa porque tinha de ir para a aula, mas como o assunto me pareceu sério, alertei-a para o facto de não me poder alongar na resposta e pedi-lhe que disparasse. E zás, retirou a anilha à granada e estilhaçou-me. Completamente. Não é que a pergunta, seca, maquiavélica, foi apenas um pretexto para uma descompostura de todo o tamanho! Directamente da detentora da Sobrenomenclatura do nosso colega Edu para aqui a inconsciente, negligente, vilã, criminosa, terrorista antroponímica. Por miúdos: num mail que mandei a todos os meus amigos, conhecidos e afins, figurava um sobrenome a seguir ao nome Edu que não é o dele. E daí o rol de perguntas, o atear da pira e o renascimento da inquisição. "Onde é que foste buscar esse sobrenome?" (...) "Sim, porque o mail é o do Edu." "Eu, eu…" "Diz lá, onde?" "Não sei…" (...) "Eu, eu…" "Ele não é B., nunca foi, é O!!!" "Mas ele…, (...) eu… eu pensei...," (...) "... ele nunca se queixou..." "Como é que podes fazer isso?" "Francamente!" "Palavra de Honra!!!..."
É de mim ou isto é de uma baboseira tal, que roçando o absurdo, de tão ridícula, chega a ser hilariante? Perdi eu minutos de aula com isto, e, porque entrei em choque, quase anifilático, acabei por lhe responder apenas: "Obrigada pelo reparo-É só?-Tenho de ir para a aula-Beijos." Telegráfico? Talvez. Cuidadosamente compassado. A contrastar com o turbilhão interior. Alguém me pode ter a bondade de explicar como é que é possível uma cena SURREAL destas acontecer? Eu já desisti de tentar perceber.
Querida E., aconselho-te a contactares a TAL e te informares acerca da possibilidade, certamente gratuita, de vedares o acesso ao Edu via palavra-passe. Para teu "uso interno".
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