segunda-feira, outubro 23, 2006

Empatámos.

"Num jogo recheado de cautelas, os golos apareceram carimbados por graves erros defensivos."

Ontem tudo me fez pensar em ti.
O dia: Domingo. O teu escape das minhas zangas: a Bola. A jornada. O derby. Dos nossos clubes. A época passada. Uma aposta e um poema. Nós. O telefonema da minha mãe. A conversa do meu pai. Até as minhas conversas no Messenger! O derby passado. Uma aposta e um poema. Nós. O derby actual. De ontem. E o de sempre. Nós. Empate.
Lembras-te do Poema, o poema a mim, o já célebre, o da aposta…? O que eu nunca cheguei a ler, lembras-te? Penso muitas vezes nesse poema. E em nós. Eu a forçar-te a mo dares, a bem, a mal, com a aposta, sem a aposta; tu a esquivares-te por detrás de uma perda casual, da aposta, do esquecimento ou de um nós que tu vês sempre no Futuro do Indicativo e eu não, nem no Condicional já.

Penso muitas vezes nesse poema perdido. No quanto isso é nós.
Eu a forçar, tu a esquivares-te. Eu a provocar, tu a não entenderes. Eu a zangar-me, tu a mudares de assunto. Para a Bola. Eu a não ouvir, a explicar, tu a não perceberes. Num jogo recheado de cautelas. Penso, por vezes, que a culpa foi minha. Disse demasiado. Expus-me demasiado. Pensei demasiado. E acabei por acreditar demasiado. Também. Graves erros defensivos. O excesso saiu-me caro. O excesso saiu-nos caro.
Depois recuo até à infância, recordo os meus nove, dez, doze anos... E lembro-me de quando o Amor era simples. De quando qualquer palavra grave acentuada no 'i' (e.g. saía...) me dava um baque pela paronímia com o nome de um ídolo humano que eu perfectizei e tornei deus, e que, acreditava, ia amar sempre - no presente. De como nessa altura era o sonho que projectava o futuro. Sempre no presente.
Agora nada é assim. Simples.
O Amor vem com um jogo psicológico anexo. Um combate emocional incessante, tortuoso e abominável, de avanços e recuos. De arranques sem objectivos que não sejam a manutenção do nós. No teu perímetro de segurança. Naquilo que chamas de "a nossa Amizade".
O Tempo descartou o sonho do presente e só o concebe se articulado com um passado e um futuro. De outras pessoas, prioridades e opções. Agora, o Tempo é real, (de)limitado, sóbrio, cinzento, sensabor, extenuante.
Ontem foi tão óbvio e natural, tão esperado e claro, tão límpido... que nem doeu.
Empatámos.
Nós.
Também.

7 comentários:

Boop disse...

desencontros...
Terrivel essa sensação do que ficou por dizer.
E mais do que isso de sentir que só um queria dizer... adivinhando no outro o que não é dito, mas que por não dito, não discutido, não vivido, não trocado!

antoniofs disse...

uau...
adorei este post... mesmo!
não consigo dizer mais nada...

Joana disse...

Ok... acho que devo agradecer então. Volta sempre! Jinhos.
P.S. Também gostei do link para o embuste do MST. ;)

Anónimo disse...

Erros defensivos, só mesmo na bola. Que na vida, a defesa excessiva, atrapalha, impede, mata. Custaria menos não viver? Custaria menos não ser inteira?

Joana disse...

"Custaria menos não ser inteirO!!!" a defesa existiu do outro lado, do meu os erros defensivos, se existiram, pautaram-se pela ausencia de defesa. Porque sou inteira em cada coisa e a cada momento, nada meu exagero ou excluo... ;) Jinhos

Anónimo disse...

é a tua foto ideal?:P lol.bjinhs.nininha

Joana disse...

A foto ideal para este post indubitavelmente: pelo arroubo juvenil, pela espontaneidade, pelo acolher experiente, pelo regaço de sempre, pela emoção apertada... por tudo o que sente e não se exprime... Jinhos.