segunda-feira, fevereiro 09, 2009

De Sábado (II)


"Que sempre floresce." (Para não me esquecer). Que sempre floresce. Que sempre floresce.

Ela veio de propósito. A culpa é minha que não tenho ficado nunca esta semana até à hora do nosso cházinho – um quarto de hora antes do fecho da Biblioteca. Ela veio de propósito. A Ana veio de propósito. A culpa é minha que lhe disse que Segunda-feira não vinha, só na Terça só, só a partir de Terça.

Ela veio de propósito, a Ana Arqueiro, mas disfarçou-o com a doçura e o riso de sempre (é fácil quando se têm um riso assim e se emana tamanha doçura tão encantadora, tão naturalmente.) Ela arrastou-me, nunca me arrasta, tem aquele jeitinho dela, tão bom, de irmos as duas para o chá que não foi – foi carioca de limão - no meio da tarde de Sábado na Biblioteca.

Ela veio de propósito, a minha querida Ana, mas disfarçou-o com o riso, o que me encanta aquele riso!, e com os ensaios, e com a poesia, e com o teatro, bem, com as coisas do costume.

Ela veio com o propósito de me dar um vaso de Jacintos. Hyacinthus., pode ler-se.Três bolbos. “Não encontrei quatro, foi pena, eu sei ...” Não foi. Três é um número perfeito. Por todas as razões que a simbologia, cá entre nós, nem chega a a-flor-ar. São rosa, os Jacintos, começaram a flor-ir há pouco. “Estão a abrir, vês, também já os tenho há uma semana, tu é que nunca mais ...” Aparecia. Eu é que nunca mais aparecia àquela hora tão nossa, eu sei. Já disse que são rosa? Jacintos-rosa. Daquele rosa bonito, muito clarinho, muito suave, muito, muito, muito, meu, nosso. Já disse que são três? E que dois estão muito juntinhos porque um outro teima em descair, assobiar para o lado, para lhes dar o espaço deles, o espaço de uma espécie de nós. Já disse que vinham dentro de um laço, verde de fita, tinto de prata? Já disse? Que na fita verde, a tinta prateada, pode ler-se: “Para a minha amiga Jo que sempre flor-esce.” “Jo”, eu. Desde os E.U.A. que ninguém amigo me chama Jo. Mas se fosse só isso...

“... que sempre flor-esce”. Sem-pre. Flo-res-ce. Flor-esce. Flor-es-ce. (Sou. Se.)

Flor-esce. Um aperto no coração - ou muitos, um sorriso - ou muitos, uma lágrima, - ou muitas, certamente mais que três, e tudo o mais que pode, mas não devia, ou devia, nem sei, flor-escer em Sábados intensos destes. Só se f(l)or.

2 comentários:

ana salomé disse...

Lin-das-Meninas-em-Flor*

:))))

[hoje a Vânita faz anos!*]

kelly disse...

que linda: és flor! sorrisos muitos e três vivas a sábados desses!