domingo, março 05, 2006

FOTO: SÍNTESE


Gosto muito desta fotografia.

Admirável. Cativante. Inefável. Única.

Deus em todo o seu Esplendor, que é basicamente e acima de tudo Amor, perpassa aqui. Nesta precisa imagem.

Na luz. Na sombra. Na quietude. No perfil. No silêncio. Na escuta. Na dádiva. Na confiança. Na entrega. No despojamento. Na paz …

Em todas as cores e tons que vão do negro ao dourado, do dourado ao rosa, do rosa ao azul…negro. Na noite que finda. Na aurora que desponta. Na beleza simples, frugal mas imponente, da Natureza. No recolhimento comprometido, sincero, tranquilo, natural. Na serenidade que dele transborda. Na distância que vai do perto ao longe. No encanto que torna o longe perto. Sensível. Meu.

Em tudo o mais que sinto mas que as palavras não conseguem expressar e em tudo aquilo que me escapa naturalmente… Na absoluta inefabilidade que preside a este estado de graça.

Há muito que perdi a conta das vezes em que a procuro e demoro-me a olhá-la.
“Adeus Houston. Fui para os Pirinéus.”

De cada vez, Deus, através desta fotografia – da Natureza presente nela e da Humanidade em mim, e ao redor de mim –, me estende a mão e num abraço centrípeto me acolhe no calor do Seu regaço. Conforta-me. Dá-me serenidade. Através d’Ele. Por Ele. Com Ele. E torna-Se próximo. E aproxima-me. D’Ele. De mim própria. Do outro. De tudo. Porque tudo é e conduz a Ele.

E por isso corro, corro para dentro desta fotografia com a mesma loucura aflita com que corro para os braços da minha mãe. E chego a casa, sinto o calor, o aconchego e a paz do seu colo. Sinto o Amor. Esqueço o mundo. Ficou tudo do outro lado. Lá fora. No aqui que é agora sou só eu e Deus-mãe. Não há tempo, não há espaço. Sou só eu e Deus-mãe. Não há princípio nem fim. Só eu e Deus-mãe. Eu e Deus-mãe. Eu Deus Mãe.

*Fotografia gentilmente cedida por Rui Pedro Veiga.

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