terça-feira, julho 21, 2009

Do extremo mais longínquo do armário

Hoje vai chover torrencialmente. Vai chover tanto, tanto, tanto, tanto, que me vou ensopar; que o cabelo vai ficar uma pasta – de chuva; que gotas delas vão escorrer-me cara abaixo, braços abaixo, computador abaixo, pernas abaixo...; que as cópias que espreitarem fora do saco, sem guarda-chuva, vão ondular tanto, tanto, tanto, tanto, que ai.

Hoje vai chover torrencialmente. Tenho a certeza. Não porque os pivots dos telejornais anunciaram isso ontem, não; não porque os senhores da metereologia falaram nisso esta madrugada, não; não porque acordei às quatro da manhã com as gaivotas mais barulhentas do mar em terra – na terra que fica bem pertinho da minha janela, não; não porque o céu está uma nuvem só, e escura, um manto de negritude que abafou o dia; não. Vai chover torrencialmente hoje porque o meu vestido curtinho verde e o meu bolero amarelo não agradam aos céus.

Temos de nos concertar, eu e os céus, urgentemente. Porque tenho para mim que não há direito, divino, celestial, providencial, o que for..., de fazerem chover em Julho quase-quase Agosto; não há direito de me estragarem os dias, poucos, em que quero ser menina bonita e a tudo o que o armário mostra a um par de olhos entreabertos à força, preferir um vestido. (Por uma questão de sensibilidade, os vestidos que são leves e curtos foram alinhados no extremo mais longínquo do guarda-fatos, não se dê o caso, por desatenção, tentação ou outro qualquer desvario, de provocar eu uma monção em Portugal. Coisa inédita.

Os vestidos que são compridos, os mais ou menos leves e os leves, os todos de mangas compridas e cavas discretas, por o serem precisamente e os céus a eles fecharem os olhos com bonomia, alternam com as calças nos cabides ao longo do armário. No entanto, para lhes agradar, não há como um par de calças e uma blusinha. Então, é vê-los, aos céus, resplandecentes, radiantes, radiosos, todos sol e azul, do mais azul possível, todos calor sem brisa, sem sombra, sem nada que não me faça pedir água fresca a toda a hora. E um lugar à sombra para descolar a roupa do corpo, ou, alternativamente, outro lugar, um bem perto de um ar condicionado.

Hoje vai chover torrencialmente. E a começar por volta do meio-dia e meio – a hora em que começo a pensar que tenho de ir almoçar. Eu sei. (Embora não seja claro: para me iludirem, os céus vão aguentar, pesados e negros, toda uma chuva durante a manhã, vão dando assim a vã esperança de uma ida e volta, secas, para mim que teimo em pensar que por volta da hora do almoço ainda é manhã, que sou rápida – é só um instantinho!..., que tendo estado toda a manhã sem chover o mais certo é que não, que mau era se.)

Temos de nos concertar, eu e os céus, urgentemente. Porque tenho para mim que aquela Lua de há cinquenta anos era nada mais nada menos que um queijo suíço que os americanos venderam a bom vender e que portanto toda a culpa das alterações climáticas e outras subsequentes reside no extremo mais longínquo do meu armário.

8 comentários:

ana salomé disse...

que lindi. *
só tu :)

beijinhos, beijinhos

Joana disse...

Ana Salomé,

:)))))))))))))))))))





Jinhos.

V. disse...

hoje apetecia-me braga. nem que chovesse torrencialmente. adoro a chuva daí. :) e esse vestido verde e o bolero amarelo devem ser a coisa mai linda! eheheh! quero braga! tenho dito.

(mas ai o horário esquisito que não deixa. humpf!)

beijinho*

Joana disse...

Vanessa,

Oh, Braga era bem, até porque acabo de estar com a Ana Salomé.
E não chove! ;)




Jinhos.

V. disse...

inveja!!!!! :D

beijinhos e muitas flores para as duas*

Joana disse...

Vanessa,

As duas agradecem com beijinhos. ;)

Maria Rita disse...

Ohhh...eu a imaginar-te de vestidinho verde e bolero amarelo =')

Ai, isso da Lua, dava um livro sem fim =))

E isso da chuva de cá me tem preocupado. Amanha já estou em Barcelona ;P caso dês pela minha falta por aqui já sabes que não é por falta de vontade =)
Um beijinho :)

Joana disse...

Frida,

Boa viagem até Barna! Que te receba cheia de sol e abraços. :))))))))))))))



Jinhos.

P.S. Darei, de certezinha pela tua falta - habituas-me mal...! As saudades contarão os dias até ao teu regresso, linda. :D