O Inusitado.
Os meus livros de requisição presencial todos os dias desaparecidos da estante onde os busco todos os dias, os meus livros, quietos, gritando a mudança, lombadas para cima, no carrinho em que os deixei ontem ao fim do dia.
O tarado cá do sítio, o babão para tudo o que é utente-adolescente, o boçal que estuga o passo a olhar-me os afazeres no computador, o inconveniente que ainda há tempos elogiava as All-Stars de uma amiga, cassandra que não veio esta manhã como eu, para embater com o sorriso mais pantomineiro do mundo, hoje mais que em todas as manhãs, um par de All-Stars azuis-escuras novinhas em folha. Argh!
Os meus livros de requisição presencial todos os dias desaparecidos da estante onde os busco todos os dias, os meus livros, quietos, gritando a mudança, lombadas para cima, no carrinho em que os deixei ontem ao fim do dia.
O tarado cá do sítio, o babão para tudo o que é utente-adolescente, o boçal que estuga o passo a olhar-me os afazeres no computador, o inconveniente que ainda há tempos elogiava as All-Stars de uma amiga, cassandra que não veio esta manhã como eu, para embater com o sorriso mais pantomineiro do mundo, hoje mais que em todas as manhãs, um par de All-Stars azuis-escuras novinhas em folha. Argh!
O despautério.
Ir lanchar a meio da manhã: ir à procura de um croissant de chocolate, coisa de pequeno-almoço, às onze da manhã. Revolver a vitrine, rebolar os olhos antes de fuzilar os bolos, todos, e me preparar psico-fisiologicamente para a negativa da senhora.
Sair da pastelaria com um croissant com creme, de certeza de ontem, a transbordar de açúcar, de certeza de hoje, olhar o despropósito e deitá-lo ao lixo. Sentir no coração o peso do desperdíçio – todos os meninos de África a olharem-me do caixote, até um outro olhar me apanhar. Olá, olá, desculpa não te estava a reconhecer, não faz mal, Isabel, tudo bem contigo, sim e tu que fazes, eu..., pensar que devia também responder sim, apenas e só, e voltar-lhe para cima as lombadas dos livros, deixá-los no carrinho, e ficar assim, olhar vitorioso no vazio, a medir a indignidade que é ela centrar a nossa conversa em mim, só em mim.
O irremediável.
Ter sido mordida por um insecto até agora desconhecido, até agora vivo, e ter as pernas uma lástima (ainda mais lástima que depois da queda), valham-me o ar condicionado e os santos vestidos! Prometer passar a dormir de janelas fechadas, antes de relativizar e não cumprir o prometido.
Sonhar “almodovarices” dentro de “lynchices” que estão por sua vez dentro de outras “almodovarices” e acordar a meio do sonho – o que é um sonho? – sorrindo de felicidade estúpida, perdida como uma tolinha!, voltar para o lado e resolver desistir do Lynch e nunca ver Almodóvar na insónia, dormir; acordar para repensar, voltar atrás, resolver não mais ver Almodóvar – sorrir à la Lynch...
Ou de como ‘querer tanto’ é um decalque perfeito de ‘não querer com muita força’.
6 comentários:
esses sonhos devem dar vertigem, menina. :/
quanto ao babão, estou em choque. ele foi mesmo comprar os ténis - iguazinhos, ainda por cima. se tiver o topete de os vir exibir para ao pé de mim sai de patins. juro.
beijinhos*
Ana Salomé,
'Vertigem'. É isso exactamente! :)))
(São iguais?! É tolinho, está visto...)
Jinhos.
Quanto aos ténis não me pronuncio. Acredito que sejam "gémeos".
Mas gostei da máxima a rematar tudo: «...como ‘querer tanto’ é um decalque perfeito de ‘não querer com muita força’».
Beijinhos às duas.
Tchi,
"... a máxima ..."
Ehehehhe!!!
Eu, criadora de máximas, era bom, era... :D
Jinhos.
Tu tens o dom da escrita. E são muitas as "máximas".
Tens que ir provar a nova receita de bolo de chocolate... sabes onde... pois.
Beijinhos.
Tchi,
Oh! :)))
Nova receita? Hum... tenho que ver isso. ;)
Obrigada.
Jinhos.
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