sexta-feira, agosto 28, 2009

Uma casa cheia



Terminaram hoje as minhas três semanas anuais de solitude.

Solitude é uma palavra bonita. Não confundir com solidão, não é nada disso, a solitude dos meus Agostos é aquele viver sozinho que é sossego e é tão bom, esta casa vazia a crescer tão grande em espaços, vazios, silêncios e outros rumores, eu a olhar e a conseguir finalmente ver e ouvir e sentir, tudo, até eu própria - especialmente eu própria, de uma outra maneira, mais completa, mais inteira, pessoal, eu outra, eu menos eu, em todas as restantes semanas do ano, ou eu outra agora. Enfim.

A minha irmã mais nova chegou esta manhã. Com a agenda preenchidíssima e uma série de novidades para por em dia, que eu não fui a Braga já a contar com isso, com recados e lembretes e recomendações e saudades, tantas já, dos pais e da tv cabo - o que as séries, a Ilha?, fazem às pessoas... e todas as palavras, e o almoço?, todos os risos, toda a graça, a encher-nos a casa de novo. Não achas piada? Eu a assentir e a ver o vazio puf!, eu outra puf!, o trabalho puf!, todos os espaços puf!, uma casa cheia.

As casas são organismos vivos. Não é à toa que se contraem e dilatam em estações do ano definidas. As casas são músculo. Contraem-se e dilatam-se ao sabor das vidas que vão nascendo e morrendo dentro delas. As casas, um músculo vital, contraído, dilatado, contraído, dilatado, ao ritmo das presenças que lhes vão dando forma, cor, sabor, textura, aroma, gerações a fio, famílias inteiras, vida fora.

Gosto muito de casas.

2 comentários:

Vanessa disse...

hoje a minha casa também encheu mais um bocadinho. :)))))

e parece que a boa disposição chegou também.

eheheh!

beijinho*

Joana disse...

Vanessa,

Quando é (sempre) assim, é tão bom! :))))





Jinhos.