Terão menos de vinte e cinco anos, estão casados, e grávidos, e devem ser dos casais mais bonitos que já vi.
Todas as manhãs passo por um casal muito novo, muito bonito, mesmo bonito, e muito tudo-o-que-um-casal-novo-e-bonito-deve-ser-naturalmente-num-plano-ideal, que não consigo explicar muito bem, nem quero, que este é isso tudo, e isso, essas coisas todas, só vendo.
Explicando o que quero, e vejo: ele é barba, crescida mas cuidada, e óculos de sol, sempre, e t-shirt sempre, e jeans e ténis sempre, e mão dada a ela sempre. Ela é uma miúda!, top sempre, sapatinho raso sempre, jeans ou saia – a de hoje, indiana, um deslumbre!...–, trança descaída sobre o lado esquerdo, sempre, uma flor no cabelo hoje, a mala na mão, sempre.
Não sei o que me encanta mais neles: se a juventude, se a gravidez, se a beleza, se a espontaneidade de um Amor jovem. Não sei, sei de resto muito pouco além da forte impressão que me causam. E que é boa. Muito boa. Como uma brisa fresca a lembrar que a perfeição consegue às vezes ser tão concreta e definida, real, como uma mão dada a outra mão, coração dentro.
Há tempos fiz uma lista – gosto muuuuuuuuuuuuuito de listas de palavras!, – das ‘Coisas que quero muito e não posso já’ e até a escrevi - uma maneira de a ter mais perto, próxima do quotidiano, à mão, debaixo dos olhos, a espreitar para fora da janela, de saída do plano das ideias, esbracejando de dentro do coração para a luz.
Feliz ou infelizmente, agora que a reli à luz do deslumbre desta manhã, a minha lista parece-me modesta, pequena, estreita. Pouco ou nada tem a ver com árvores, filhos e livros, coisas realmente importantes. Longe dos dias e das pessoas, do mundo, a minha lista parece um devaneio, um discurso alienista – ou pelo menos de alienado! –, o delírio febril de um enfermo, imprecações soltas de um louco.
E no entanto, Visitar a casa número 1 do Quai de Bourbon; Carregar uma borboleta ao ombro; Cultivar vários hectares de vinha; no entanto a minha lista, 'Coisas que eu queria muito mas não posso já', Conhecer São Petersburgo. E Budapeste e Salzburgo e Praga; foi construída, pensada, escrita, com base na vida, na minha vida vivida, na de todos os dias; Ter uma penteadeira; Ser avó; e no entanto, tenho a certeza que a vida, a tal minha que é de a de todos os dias, Forrar o meu tecto de dormir a Chagall ou Klimt; ...; e vivida, realmente, como sei, como posso, Viver numa casa branca, por dentro e por fora, e junto ao mar; essa, sei, vai levar-me a concretizar a tal lista, e a por ela deixar porventura em suspenso as coisas realmente importantes.
O que é realmente importante?...
Todas as manhãs passo por um casal muito novo, muito bonito, mesmo bonito, e muito tudo-o-que-um-casal-novo-e-bonito-deve-ser-naturalmente-num-plano-ideal, que não consigo explicar muito bem, nem quero, que este é isso tudo, e isso, essas coisas todas, só vendo.
Explicando o que quero, e vejo: ele é barba, crescida mas cuidada, e óculos de sol, sempre, e t-shirt sempre, e jeans e ténis sempre, e mão dada a ela sempre. Ela é uma miúda!, top sempre, sapatinho raso sempre, jeans ou saia – a de hoje, indiana, um deslumbre!...–, trança descaída sobre o lado esquerdo, sempre, uma flor no cabelo hoje, a mala na mão, sempre.
Não sei o que me encanta mais neles: se a juventude, se a gravidez, se a beleza, se a espontaneidade de um Amor jovem. Não sei, sei de resto muito pouco além da forte impressão que me causam. E que é boa. Muito boa. Como uma brisa fresca a lembrar que a perfeição consegue às vezes ser tão concreta e definida, real, como uma mão dada a outra mão, coração dentro.
Há tempos fiz uma lista – gosto muuuuuuuuuuuuuito de listas de palavras!, – das ‘Coisas que quero muito e não posso já’ e até a escrevi - uma maneira de a ter mais perto, próxima do quotidiano, à mão, debaixo dos olhos, a espreitar para fora da janela, de saída do plano das ideias, esbracejando de dentro do coração para a luz.
Feliz ou infelizmente, agora que a reli à luz do deslumbre desta manhã, a minha lista parece-me modesta, pequena, estreita. Pouco ou nada tem a ver com árvores, filhos e livros, coisas realmente importantes. Longe dos dias e das pessoas, do mundo, a minha lista parece um devaneio, um discurso alienista – ou pelo menos de alienado! –, o delírio febril de um enfermo, imprecações soltas de um louco.
E no entanto, Visitar a casa número 1 do Quai de Bourbon; Carregar uma borboleta ao ombro; Cultivar vários hectares de vinha; no entanto a minha lista, 'Coisas que eu queria muito mas não posso já', Conhecer São Petersburgo. E Budapeste e Salzburgo e Praga; foi construída, pensada, escrita, com base na vida, na minha vida vivida, na de todos os dias; Ter uma penteadeira; Ser avó; e no entanto, tenho a certeza que a vida, a tal minha que é de a de todos os dias, Forrar o meu tecto de dormir a Chagall ou Klimt; ...; e vivida, realmente, como sei, como posso, Viver numa casa branca, por dentro e por fora, e junto ao mar; essa, sei, vai levar-me a concretizar a tal lista, e a por ela deixar porventura em suspenso as coisas realmente importantes.
O que é realmente importante?...
11 comentários:
ah... *
(saio de palavras boquiabertas)
Ana Salomé,
Et voilá, um feito realmente importante! :D
:)))))))))))))))))))))))))))))))
Jinhos.
a organização de compor uma lista tão detalhada misturada com uma ponta de loucura virada para o futuro cheia de sonhos, de viagens, de ir mais além. voilá as duas partes de nós todos que se vão degladiando diariamente e que nos vão reequlibrando através de desiquilíbrios sucessivos(Vigostky dixit e é verdade)
Comboio,
O Vygotsky foi o senhor que dixit :D que "a linguagem é uma espécie de cabo de vassoura muito especial, capaz de transformar decisivamente os rumos da(s) nossa(s) actividade(s).", não foi?
É verdade. :))))))))))
Jinhos.
"Coisas que eu queria muito mas não posso já"... vou em breve fazer uma lista (amo listas) e depois mostro,sim? Ah, já carreguei uma borboleta ao ombro,ela escolheu-me por segundos, minutos, branca de pintas pretas, impronunciável.
Bjs
Ouriço,
Siiiiiiiiiiiiiiiiim! Aguardo para breve, então.
Quanto ao impronunciável, aguardo também, para breve, quem sabe... ;)
Jinhos.
derreti-me nas primeiras linhas e depois não consegui tirar o sorriso parvo da cara. que texto tão lindo!
Vanessa,
Oh! Os meus mais aparvalhados e sorridentes agradecimentos, também!
;)
Jinhos.
Ai o tecto pintado de Klimt...como eu te entendo :)) Tens uma lista de coisas para concretizar tão bonita!
Beijinhos*
Frida,
Ehehehe! ;)
Jinhos.
P.S. Ia escrever na primeira linha "são o casal mais bonito que conheço" mas depois lembrei-me de vocÊs e reescrevi "dos casais mais bonitos..." :D
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