Trabalhar em Agosto é como trabalhar ao Domingo sem folga à semana. Ruas desertas, metro com horário de Verão, comboio com lugares até para sentar a mala, Biblioteca vazia, cheia de silêncios e ecos. Trabalhar em Agosto num dia bonito, quase quente de sol e azul de poucas nuvens, como hoje, com a praia e as pessoas e o descanso tão longe, é aceitar cegamente um castigo daqueles de quando se têm sete, oito anos, e nos mandam fitar o quadro negro, costas viradas à animação da sala por uma eternidade.
Trabalhar em Agosto custa. Mesmo se nos apoiamos nas pessoas que, sabemos, também mostraram a língua à professora depois de terem puxarado o cabelo à colega da frente, ou nas pessoas que pontapearam forte a bola que quebrou o vidro da janela, mesmo se nos apoiamos nessas pessoas que conhecemos de sempre, seis olhos de meia idade que varrem o comboio todos os dias por hábito e curiosidade, e nas outras que conhecemos de há um bocadinho menos que sempre: botões de punho redondamente vermelhos, às riscas azuis marinhas, como a gravata, e que, novidade das novidades, partilham, estes dias, o castigo connosco.
Trabalhar em Agosto custa a todos. Mas custa mais a quem trabalha a saber que não vai ter férias. Setembro, Outubro, Novembro, outros dias, meses, o mesmo trabalho. Custa mais àqueles a quem um almoço de mais de uma hora pesa a meio do peito antes de cair no estômago. Custa mais àqueles que fogem das estatísticas para o cinema ao fim do fim-de-semana a pensar se estarão absolutamente salvos de todas as modas e amostras. Custa mais àqueles que trocam meia hora de computador e cópias por dois dedos de conversa, amena e amiga, a pôr realmente em dia amanhã mais um bocadinho, ou depois, ou depois, de certeza numa próxima em que tenha mais tempo, prometo. Custa mais àqueles que acordam no meio da noite, qualquer noite do ano, muitas noites, às vezes seguidas, o coração a bater em todo o lado, a pensar eu não vou conseguir fazer isto.
Trabalhar em Agosto é assim para algumas pessoas. Que eu conheço, que eu não conheço, para mim. É assim para mim. Agora alguns dias, muitas vezes no ano estes últimos anos. Quando não é o contrário e é por amor. E me fascina e desafia, e de alguma forma de me completa e encoraja a prosseguir determinada e mais ou menos feliz. Às vezes, é verdade, o trabalho me rouba ao mundo, porventura porque me deixo absorver por ele, por paixão e para avançar. É quando é maior que eu “a vontade que me ata ao leme” e termino cada dia, exausta, a pensar estou a trabalhar num sonho. Estou a trabalhar num sonho, antes de dizer adeus ao mundo por sete, oito horas do sono mais profundo. Estou a trabalhar num sonho, ao acordar para mais um dia de dez doze horas de computador e cópias.
E almoços e amigos e conversas, a meio do verão, meio inverno, de fugida, à tarde.
Estou a trabalhar num sonho. E isso chega-me para acalmar Agosto nos dias.
Trabalhar em Agosto custa. Mesmo se nos apoiamos nas pessoas que, sabemos, também mostraram a língua à professora depois de terem puxarado o cabelo à colega da frente, ou nas pessoas que pontapearam forte a bola que quebrou o vidro da janela, mesmo se nos apoiamos nessas pessoas que conhecemos de sempre, seis olhos de meia idade que varrem o comboio todos os dias por hábito e curiosidade, e nas outras que conhecemos de há um bocadinho menos que sempre: botões de punho redondamente vermelhos, às riscas azuis marinhas, como a gravata, e que, novidade das novidades, partilham, estes dias, o castigo connosco.
Trabalhar em Agosto custa a todos. Mas custa mais a quem trabalha a saber que não vai ter férias. Setembro, Outubro, Novembro, outros dias, meses, o mesmo trabalho. Custa mais àqueles a quem um almoço de mais de uma hora pesa a meio do peito antes de cair no estômago. Custa mais àqueles que fogem das estatísticas para o cinema ao fim do fim-de-semana a pensar se estarão absolutamente salvos de todas as modas e amostras. Custa mais àqueles que trocam meia hora de computador e cópias por dois dedos de conversa, amena e amiga, a pôr realmente em dia amanhã mais um bocadinho, ou depois, ou depois, de certeza numa próxima em que tenha mais tempo, prometo. Custa mais àqueles que acordam no meio da noite, qualquer noite do ano, muitas noites, às vezes seguidas, o coração a bater em todo o lado, a pensar eu não vou conseguir fazer isto.
Trabalhar em Agosto é assim para algumas pessoas. Que eu conheço, que eu não conheço, para mim. É assim para mim. Agora alguns dias, muitas vezes no ano estes últimos anos. Quando não é o contrário e é por amor. E me fascina e desafia, e de alguma forma de me completa e encoraja a prosseguir determinada e mais ou menos feliz. Às vezes, é verdade, o trabalho me rouba ao mundo, porventura porque me deixo absorver por ele, por paixão e para avançar. É quando é maior que eu “a vontade que me ata ao leme” e termino cada dia, exausta, a pensar estou a trabalhar num sonho. Estou a trabalhar num sonho, antes de dizer adeus ao mundo por sete, oito horas do sono mais profundo. Estou a trabalhar num sonho, ao acordar para mais um dia de dez doze horas de computador e cópias.
E almoços e amigos e conversas, a meio do verão, meio inverno, de fugida, à tarde.
Estou a trabalhar num sonho. E isso chega-me para acalmar Agosto nos dias.
15 comentários:
E lá diz o ditado: Quem trabalha por gosto não cansa. E, embora não perceba muito disso, acho que os sonhos nunca tiram férias. :)
Um beijinho*
oh, só tu para escreveres assim, Joana. Assino totalmente por baixo.
Um beijinho enorme de Agosto muito igual ao teu.*
tu trabalhas num sonho e eu (também em agosto...) sonho no trabalho!
Beijos
Eu para já não trabalho em Agosto, mas na segunda metade do mes vou-me sentir como tu. Percebo-te bem =)
Beijinho*
Frida,
Et voilá, *o* argumento: "... os sonhos nunca tiram férias."
É não é que é isso mesmo!
Querida Rita, só tu! :**************
Ana Salomé,
Pois. Estás ali em cima bem nas "pessoas que conheço" com um Agosto assim. :)))))))))))))
Ouriço,
Ora se não viesse desse carapaça uma laracha aguçada e espirituosa é que seria de estranhar! :D
Sonhos no mínimo com sabor a melancia, espero... ;)
Jinhos a todas.
Pedro,
ehehehe! Fico então a torcer para que seja um sonho! :))))))))))))))))))))))))
Jinhos.
deixa-me assinar por baixo também, posso? :)
estarei nos almoços e amigos e conversas, a meio do verão, meio inverno, de fugida, à tarde.
sempre com muito gosto.
:)
beijinho*
Vanessa,
Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim!!! :))))
Jinhos.
andas a escrever sobre mim?! ;)* bom ler-te
Ana,
É bem possível... Eheheh! :D
Jinhos.
Também gostei de ler que "os sonhos não tiram férias"... nem dormem. Embalam-nos suave ou bruscamente para nos mostrarem que há uma outra dimensão que faz com que nem nos importemos de trabalhar em Agosto, ao fim-de-semana, de noite, à chuva...desde que possamos parar, de vez em quando, e trocarmos palavras com os amigos
Comboio,
Sábias palavras as que deixas aqui também, sábias sobretudo porque vêm do coração - como diria o Confúcio. :)))))))
Jinhos.
...eu, que estava tão embalada no doce trabalho de cuidar da Jazzy (enquanto tecia sonhos, é certo... que estar parada não combina com a minha constituição...) vejo-me na obrigação de voltar ao trabalho. Ao outro, onde não há sonhos nem prazer algum. Apenas obrigação, mecânica e seca. Amanhã já...
Beijicos
Rosário,
Oh, que o doce trabalho de cuidar da Little Jazz e os sonhos que entretanto teces te tornem as obrigações mais leves! :D
Jinhos.
Enviar um comentário